Estudo aponta que 90% dos presos por reconhecimento facial são negros

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O estudo foi realizado pela Rede de Observatórios da Segurança. A tecnologia de reconhecimento facial começou a ser utilizada no país para esses fins no começo de 2019

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Foto: Arquivo/Agência Brasil

Por: Mariana Lima

A Rede de Observatórios da Segurança divulgou em novembro o relatório ‘Retratos da Violência – Cinco meses de monitoramento, análises e descobertas’, em que reúne dados e artigos inéditos produzidos pela inciativa.

Um dos artigos do relatório traz dados analisados sobre as prisões realizadas no país pelo uso da tecnologia de identificação facial. Essa tecnologia começou a ser usada no país durante o carnaval de 2019, utilizando a Bahia como região teste.

Os dados analisados pela Rede revelam que 90,5% das prisões realizadas pelo uso da tecnologia e identificáveis pela cor da pele eram pessoas negras. Apenas 9,5% eram brancas. Dos 191 casos, apenas 42 apresentavam alguma imagem dos abordados.

A Bahia foi o estado com maior incidência de prisões com o uso desta tecnologia, com 51,7% das identificações pelo rosto. Rio de Janeiro ocupa a 2ª posição com 37,1%, seguido por Santa Catarina (7,3%) e Paraíba (3,3%).

Os meses de abril, setembro e outubro concentraram o maior número de prisões, que em grande parte estavam relacionadas com tráfico de drogas e roubo. O ápice das prisões ocorreu em setembro, com um índice de 31,2%.

O relatório considerou para a análise publicações de conteúdos na imprensa, e informações ligadas às contas oficiais das polícias e demais órgãos públicos nas redes sociais.

O texto no relatório informa que houve dificuldades para encontrar informações sobre o perfil da pessoa presa ou abordada, em que local o reconhecimento facial foi feito e os motivos da prisão.

Em 66 casos, havia especificações em relação ao sexo dos suspeitos, sendo 87,9% homens e 12,1% mulheres. A idade média era de 35 anos.

Para conferir o relatório completo, clique aqui.