Escravizada, ela lutou por liberdade e foi mãe do maior abolicionista do Brasil

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Luíza Mahin tem origem incerta. Alguns historiadores dizem que ela teria nascido na Costa da Mina, na África, ou na Bahia. Outros, ainda, dizem que não há documentos que comprovem a existência dela. Mas ela foi citada em uma carta de Luiz Gama, como sua mãe. Aqui vamos contar a história conhecida dela, simbólica, mesmo que com elementos pouco esclarecidos.

Membro do povo Mahi, de onde vem seu sobrenome, Luíza Mahin comprou sua alforria em 1812. Livre, tornou-se quituteira em Salvador.

Aproveitando-se de sua profissão de quituteira, participou de revoltas escravas que ocorreram em Salvador nas primeiras décadas do século XIX, pois de seu tabuleiro eram distribuídas as mensagens em árabe, através dos meninos que com ela compravam seus quitutes. Desse modo, esteve envolvida na Revolta dos Malês em 1835 e na Sabinada em 1837-38.

Perseguida pela participação em revoltas, para conseguir fugir, deixou o filho de 5 anos, Luiz Gama, aos cuidados do pai. O pai do menino, branco, vendeu Luiz Gama como escravo quando este tinha 10 anos de idade para pagar uma dívida de jogo. Mais tarde, Luiz Gama conseguiu sua liberdade, tornou-se advogado e um dos maiores abolicionistas do Brasil. Luiz Gama libertou mais de 500 escravos.

Luíza foi perseguida, e fugiu para o Rio de Janeiro, onde foi encontrada, detida e, possivelmente, deportada para Angola.

Em suas notas biográficas, Luiz Gama indica que Luíza Mahin teve mais um filho, cujo destino lhe era ignorado. O próprio Luiz Gama tentou por toda vida ter informações do destino de sua mãe, mas não obteve sucesso. Luiz Gama a descreveu da seguinte forma:

“Sou filho natural de uma negra, africana livre, da Costa Mina (Nagô de Nação), de nome Luíza Mahin, pagã, que sempre recusou o batismo e a doutrina cristã.

Minha mãe era baixa de estatura, magra, bonita, a cor era de um preto retinto e sem lustro, tinha os dentes alvíssimos como a neve, era muito altiva, geniosa, insofrida e vingativa.

Dava-se ao comércio – era quitandeira, muito laboriosa, e mais de uma vez, na Bahia, foi presa como suspeita de envolver-se em planos de insurreições de escravos, que não tiveram efeito.

Era dotada de atividade. Em 1837, depois da Revolução do doutor Sabino, na Bahia, veio ela ao Rio de Janeiro, e nunca mais voltou. Procurei-a em 1847, em 1856, em 1861, na corte, sem que a pudesse encontrar. Em 1862, soube, por uns pretos minas, que a conheciam e que me deram sinais certos que ela, acompanhada com malungos desordeiros, em uma “casa de dar fortuna”, em 1838, fora posta em prisão; e que tanto ela como os seus companheiros desapareceram. Era opinião dos meus informantes que esses “amotinados” fossem mandados para fora pelo governo, que, nesse tempo, tratava rigorosamente os africanos livres, tidos como provocadores.

Nada mais pude alcançar a respeito dela.”

Atualmente, existe um projeto de lei, em tramitação no Senado, que inscreve os nomes de Dandara dos Palmares e Luíza Mahin no Livro dos Heróis da Pátria.


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