Empreendedorismo social periférico tem capital 37 vezes menor

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Pesquisa inédita da FGV e da Fundação Arymax revela que empreendedorismo social periférico possui capital inicial 37 vezes menor e receita 21 vezes menor, quando comparado com negócios sociais de outras regiões

empreendedorismo social periférico
Foto: Milo Miloezger via Unsplash

Por: Juliana Lima

O Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da Escola de istração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGVcenn) acaba de lançar o resultado de uma pesquisa inédita, realizada em parceria com a Fundação Arymax, que revela como as desigualdades da sociedade brasileira atingem também a área do empreendedorismo social.

Segundo a pesquisa, o empreendedorismo social realizado nas periferias das grandes cidades do país é majoritariamente composto por mulheres negras (70%) e possui um rendimento líquido de até R$ 2.090 mensais (60%). Enquanto isso, fora da periferia, os empreendedores sociais são, em sua maioria, brancos, possuem mais equidade de gênero e seu rendimento líquido a dos R$ 12.450 mensais.

Além disso, os negócios sociais formados fora da periferia têm capital inicial 37 vezes maior (R$ 712 mil, em média) do que o dos negócios que começaram na periferia (R$ 19 mil). Já as receitas dos empreendimentos sociais periféricos são 21 vezes menores: uma média de R$ 146,9 mil contra R$ 3,053 milhões dos negócios fora da periferia.

Ainda de acordo com o estudo, há predominância de empresas individuais (EI/MEI/EIRELI) nas periferias brasileiras, enquanto fora delas os negócios têm, em média, 5,7 vezes mais funcionários. O empreendedorismo social periférico, geralmente, busca integrar o impacto social com a sustentabilidade financeira, e foi o mais impactado pela pandemia: 49% desses empreendedores afirmaram ter seus negócios ameaçados durante o período.

“Essa pesquisa mostra como o ecossistema de empreendedorismo social apresenta uma desigualdade que é o retrato da sociedade brasileira, em que os empreendedores sociais da periferia enfrentam inúmeros obstáculos para crescer e se consolidar e que precisamos criar mecanismos para apoiar e fomentar a inovação social que vem das periferias”, afirma Edgard Barki, coordenador da pesquisa e do FGVcenn.

O estudo foi realizado ao longo de 2021 e compõe a rede internacional de pesquisa SEFORÏS, que reúne universidades em nove países do mundo. Foram entrevistados 101 empreendedores sociais do Brasil, com média de 37 anos de idade, sendo que 57% são mulheres e 58% se autodeclaram brancos. Sobre a escolaridade, 33% dos respondentes têm graduação completa e 51% desses, algum tipo de pós-graduação.

O estudo pode ser conferido na íntegra aqui.


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