Efeito pandemia: abandono escolar e volta às aulas preocupa profissionais da educação

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Volta às aulas tem sido uma preocupação para os profissionais da educação. Desde o início da pandemia, as taxas de evasão escolar aumentaram. Abandono está diretamente ligado ao crescimento da pobreza no país

Fileiras de carteiras duplas com tampos de madeira estão dispostas em sala de aula vazia, iluminada pelas frestas das cortinas penduradas nas janelas do canto direito da imagem.
Foto: Adobe Stock | Licenciado

Por Iara de Andrade

Desde que a pandemia de Covid-19 irrompeu no Brasil, a volta às aulas tem sido uma preocupação para os profissionais da educação. Os últimos trimestres de 2019 e 2020 apresentaram um aumento na taxa de evasão escolar de 1,41% para 5,51%, entre crianças de cinco a nove anos.

Dados de um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vagas aponta também para uma porcentagem de 4,25% no terceiro trimestre de 2021, número 128% maior que o observado no mesmo período de 2019.

De acordo com relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) sobre o Cenário da Exclusão Escolar no Brasil, no ano um da crise sanitária, mais de 5 milhões de meninas e meninos, de 6 a 17 anos, estavam fora da escola; número que se assemelha ao do início dos anos 2.000. Mais de 40% desse montante eram crianças em idade de escolarização, etapa que estava quase universalizada antes da Covid.

O abandono escolar por parte dessas crianças e jovens está diretamente ligado ao crescimento da pobreza no país; ter comida na mesa ou a ser prioridade. Segundo Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia, a fome ou de 9,4% em 2020 para 18,1% em 2022 em lares de famílias com crianças menores de 10 anos.

Recompor a Aprendizagem

Profissionais da área da educação têm pensado estratégias para evitar a evasão escolar. Ana Ligia Scachetti, pedagoga e Diretora de Educação da Nova Escola, referência no desenvolvimento de conteúdo para professores desde 1986, argumenta sobre a necessidade de preparação por parte dos professores para lidar com os problemas de aprendizagem decorrentes da pandemia:

“Os professores são peças importantes para evitar a evasão escolar, mas também precisam estar preparados e fortalecidos, já que a principal dificuldade hoje está em trazer os alunos para o mesmo nível de aprendizagem, pois as realidades foram muito diferentes durante a pandemia”, diz ela.

Ana Ligia ainda defende a criação de estratégias didáticas para atender cada aluno de forma personalizada: “A Recomposição de Aprendizagem é o melhor plano para lidar com as defasagens educacionais. Usando avaliação diagnóstica, planejamento e acompanhamento individualizado, os educadores conseguem identificar os problemas e apoiar o aluno no seu desenvolvimento, evitando a evasão”.