Desmatamento da Amazônia é o maior desde 2006

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Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostram que o Brasil atingiu o terceiro recorde anual consecutivo nas taxas de desmatamento da Amazônia. Ao todo, foram 13.235 mil km² perdidos

desmatamento da Amazônia
Foto: Adobe Stock | Licenciado

Por: Juliana Lima

No dia 18 de novembro, foram divulgados os dados de desmatamento da Amazônia Legal entre agosto de 2020 e julho de 2021, coletados pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O resultado, embora esteja de acordo com as previsões de especialistas e ativistas, é dos piores possíveis: o desmatamento da Amazônia no ano de 2021 já é o maior desde 2006.

Trata-se também do terceiro recorde consecutivo nas taxas de desmatamento sob a gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Ao todo, estima-se que a Amazônia perdeu 13.235 mil km² entre agosto de 2020 e julho de 2021. Isso representa um aumento de 22% em relação a 2020, quando foram registrados 10.852 km² de destruição da floresta amazônica.

O estado do Pará foi o que teve as maiores taxas de destruição, com 5.257 km², o que representa cerca de 40% do desmatamento total no período. Logo após aparecem os estados do Amazonas e Mato Grosso.

No começo do mês, o Brasil esteve presente na COP 26, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, por meio de uma delegação do governo federal, mas sem a presença do presidente. Na ocasião, mais de 100 países se comprometeram a zerar o desmatamento das florestas até o fim da década. Críticos do governo apontam a incoerência entre o discurso do governo perante a comunidade internacional e os dados de desmatamento no país, divulgados apenas ao fim da conferência.

“Este é o Brasil real que o governo Bolsonaro tenta esconder com discursos fantasiosos e ações de greenwashing no exterior”, afirma Mauricio Voivodic, diretor-executivo do WWF-Brasil. “O que a realidade mostra é que o governo Bolsonaro acelerou a rota de destruição da Amazônia. Se não revertermos essa tendência, acabando com o desmatamento e restaurando as áreas já degradadas, a floresta amazônica poderá alcançar um ponto de não reversão e iniciar um processo de degradação acelerado. Se isso acontecer, o Brasil deixará de contar com os serviços ambientais vitais que ela presta, como o armazenamento de carbono e a regulação do regime de chuvas do país”, alerta.

Ponto de ruptura da Amazônia

Na COP 26, foi apresentado o relatório final do Científico da Amazônia, realizado por mais de 200 cientistas. A principal conclusão é que a Amazônia se aproxima cada vez mais de um ponto de ruptura, em que a degradação da floresta entrará em um processo automático, não podendo mais ser revertida.

Ainda segundo o relatório, a região conhecida como o “Arco do Desmatamento”, que vai do oeste do Maranhão e sul do Pará em direção a oeste, ando por Mato Grosso, Rondônia e Acre, já se tornou uma faixa da Amazônia que emite carbono na atmosfera, em vez de absorvê-lo.

“Manter a floresta em pé é essencial se quisermos atingir a meta do Acordo de Paris de limitar o aumento da temperatura média do planeta em até 1,5°C até o fim do século”, alerta Mauricio Voivodic.


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