Desigualdade: 10% dos mais ricos têm 76% do patrimônio do planeta

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Nas duas últimas décadas, a distância entre a renda (incluindo trabalho e capital) dos 10% mais ricos da população e dos 50% mais pobres duplicou

Imagem: Adobe Stock

Um mundo mais desigual é o legado imediato da pandemia. A disparidade entre ricos e pobres continuou crescendo entre 2019 e 2021. No topo da pirâmide, um seleto clube de multimilionários, 0,001% da população, viu suas fortunas crescerem 14%.

Em contrapartida, 100 milhões de pessoas foram para a extrema pobreza na pandemia. Segundo um macroestudo elaborado pelo World Inequality Lab, nos últimos dois anos ocorreu uma aceleração do processo de concentração de renda e da riqueza que começou na década de 1980.

“Observamos um mundo ainda mais polarizado: a covid-19 amplificou o fenômeno da ascensão dos multimilionários e deixou mais pobreza”, afirma Lucas Chancel, que liderou o estudo.

Nas duas últimas décadas, a distância entre a renda (incluindo trabalho e capital) dos 10% mais ricos da população e dos 50% mais pobres duplicou. E a concentração da riqueza chegou a uma cota “extrema”, porque os 10% mais poderosos já possuem três quartos de todo o patrimônio mundial.

A globalização se apresentou como uma oportunidade para reduzir as desigualdades entre os países. E assim foi: ascenderam novas potências, como a China, a Índia e o Brasil.

Mas as desigualdades dentro das nações continuaram se ampliando: o topo da pirâmide de todos os países segue nadando em abundância. “No capitalismo moderno, o grupo de renda de um indivíduo (se pertence aos 50% de baixo ou ao 1% de cima) importa mais que sua nacionalidade para determinar os níveis de desigualdade global”, aponta o relatório.

Os 517 milhões de cidadãos que estão entre os 10% mais ricos captam 52% dos 550 trilhões de reais repartidos em renda e 76% do enorme bolo de 3,27 quatrilhões de reais que constitui o patrimônio mundial.

E boa parte dela, com a pobreza. Somada, a metade mais pobre dos habitantes adultos do planeta (2,5 bilhões) consegue reunir apenas 8% da renda e 2% da riqueza. O relatório constata, além disso, uma regra: quanto mais rico é um cidadão, mais sua riqueza cresce.

Segundo o relatório, o Brasil é um dos países mais desiguais do mundo: os 10% mais ricos concentram 59% da renda nacional total, enquanto a metade inferior da população leva apenas cerca de 10%.

Fonte: El País


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