Criança Yanomami que comoveu o país tem 8 anos e só pesa 12 kg
A criança Yanomami estava acometida por malária, pneumonia, verminose e desnutrição, em uma região sem visitas regulares de equipes sanitárias e que fica a 11 horas a pé da unidade de saúde mais próxima

A foto de uma menina Yanomami agonizando numa rede na comunidade Maimasi, região de difícil o na floresta amazônica, em Roraima, comoveu o país e o mundo.
A criança estava acometida por malária, pneumonia, verminose e desnutrição, em uma região sem visitas regulares de equipes sanitárias e que fica a 11 horas a pé da unidade de saúde mais próxima. Depois de ser atendida e transferida por uma equipe médica, foi constatado que a menina pesava apenas 12,5 kg. O normal para a idade é no mínimo 20 kg.
A foto da menina agonizando em uma rede virou símbolo do histórico descaso do Brasil com o povo Yanomami, que luta para sobreviver em meio a uma junção de graves crises: a escalada de violência por garimpeiros ilegais, os impactos ambientais que levam fome a algumas regiões e a fragilidade do o à atenção sanitária.
“Na cultura Yanomami, a gente não pode demonstrar imagem de criança, frágil, doente. Mas é muito importante [fazer isso] pela crise que estamos vivendo”, explica o líder indígena Dario Kopenawa, ao autorizar a publicação da fotografia.
“Esta foto é uma resposta da violação de direitos dos povos indígenas”, resume Kopenawa. Enquanto a malária e a covid-19 avançam sobre as aldeias, lideranças narram que equipes de saúde foram reduzidas com profissionais afastados por covid-19 e outras doenças, postos de saúde foram fechados temporariamente e falta helicóptero para transporte de pacientes em áreas de difícil o.
Às crises sanitária e ambiental, soma-se ainda uma escalada de violência em algumas regiões. É o caso da comunidade indígena Palimiu, em Roraima. Há uma semana, a aldeia enfrenta ataques de garimpeiros, com tiros, bombas e gás lacrimogêneo contra os indígenas. Na última terça, garimpeiros ilegais trocaram tiros com a Polícia Federal durante uma visita para averiguar as denúncias de ataques à aldeia.
Os vários conflitos na última semana, segundo relatam os indígenas, deixaram três garimpeiros e um Yanomami feridos. Duas crianças teriam morrido afogadas enquanto fugiam dos tiros, segundo lideranças. “É uma coisa muita séria. Todos lá estão com muito medo. Eu também fiquei”, emenda Júnior Yanomami. “Tem Yanomami correndo risco. Tenho medo de acontecer um massacre a qualquer momento. O Governo Federal tem que se mexer”, clama.
Fonte: El País
24/05/2021 @ 17:15
[…] A crise na atenção à saúde Yanomami ganhou visibilidade após a publicação da foto de uma menina de 8 anos com quadro grave de desnutrição. Ela pesava 12,5 kg, embora o peso médio para essa idade seja de 25 kg, segundo a OMS. […]