Covid: mortes de pessoas em situação de rua são o dobro do registrado
Em São Paulo, prefeitura registra 49 mortes por Covid de pessoas em situação de rua, mas pesquisadores apontam no mínimo 96 óbitos. Para os estudiosos, há subnotificação e medidas insuficientes por parte do poder público

Por Juliana Lima
Em São Paulo, o número de mortes por Covid entre pessoas em situação de rua é o dobro do registrado em fontes oficiais, de acordo com uma pesquisa inédita feita pelo Laboratório Espaço Público e Direito à Cidade da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (LabCidade FAU-USP) e pela Clínica Luiz Gama.
A prefeitura da cidade registrou 49 mortes pelo coronavírus entre a população em situação de rua no período de março de 2020 a maio de 2021. A pesquisa, no entanto, aponta ao menos 96 mortes. O levantamento foi feito com base nos dados sobre os óbitos por Covid-19 do Projeto Recovida.
Para Aluízio Marino, pesquisador do LabCidade, pós-doutorando na FAU-USP e um dos responsáveis pela pesquisa, o estudo tem como objetivo mostrar o descaso com as pessoas em situação de rua, que são historicamente invisibilizadas na sociedade.
O pesquisador lembra também que ainda não há dados concretos sobre quantas pessoas estão nessa situação atualmente, embora se saiba que a crise econômica gerada pela pandemia fez com que muitas pessoas perdessem renda e moradia.
“Desde o início da pandemia, poucos foram os esforços do poder público de quantificar o quanto as pessoas em situação de rua se infectaram pela Covid e quantas dessas pessoas morreram pela doença. Ao mesmo tempo, a gente não tem a mínima noção de quantas pessoas aram a viver na rua por conta da pandemia e pelo agravamento da crise habitacional’, diz Marino.
Em nota, a prefeitura de São Paulo informou que realizou investimentos emergenciais para garantir o atendimento médico, segurança alimentar e ampliação das vagas de abrigo da população em situação de rua, além de iniciar em 12 de fevereiro do ano ado a vacinação contra Covid-19 dessas pessoas com mais de 60 anos e antecipar a entrega do Hospital Municipal Santa Dulce dos Pobres, na Bela Vista.
No entanto, segundo o pesquisador Aluízio Marino, não existe um procedimento específico que identifique a população de rua em casos de contaminação e mortes por Covid-19 e outras doenças respiratórias. Ele explica que a própria pesquisa foi feita em cima da interpretação dos dados disponíveis e das indicações feitas por profissionais de saúde nas fichas médicas de pacientes.
“Nós falamos de informações que partem da boa vontade e da sensibilidade do preenchimento dos profissionais de saúde. A gente não tem um campo específico que identifique pessoas em situação de rua, mesmo acolhidos ou não acolhidos, nas fichas médicas. Então, são dados subestimados. Sem informação, a gente não conhece a real demanda e, portanto, não consegue dar as respostas mais adequadas”, diz.
Fonte: Alma Preta
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