COP-27 discute crise climática e busca soluções

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COP-27 busca soluções para a crise climática mundial; até 2030, emissões de CO2 precisam diminuir 45% em relação a 2010

Foto: Adobe Stock | Licenciado

Por Julia Bonin

Teve inicio neste domingo (6) a COP-27, Conferência do Clima da ONU, que acontece em Sharm el-Sheikh, no Egito. Em meio a um cenário de eventos climáticos extremos em todo o planeta, a reunião busca soluções para a crise climática. A conferência vai até o dia 18 de novembro e reúne representantes de governos, setor privado e sociedade civil.

Alguns dos destaques da COP-27 são a crise de energia impulsionada pela guerra na Ucrânia, desabastecimento de gás natural proveniente da Rússia, tensões diplomáticas entre China e Estados Unidos, maiores emissores mundiais de gases-estufa, e dados que mostram que o mundo não está fazendo o suficiente para combater as emissões de carbono e proteger o futuro do planeta. 

O Fundo Verde para o Clima, que deveria ter levantado US$ 100 bilhões por ano até 2020, mas teve o prazo estendido na COP-26, teve apenas um terço dos recursos prometidos pelos países ricos, segundo dados da Oxfam. Um levantamento do Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), uma das bases da COP-27, divulgou que as políticas públicas de clima adotadas no mundo até 2020 levarão a terra a um aquecimento de 3,2°C, mais do que o dobro do limite estabelecido pelo Acordo de Paris em 2015.

Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da USP, que está na COP-27, disse ao Observatório do Terceiro Setor que o aumento de temperatura pode ser inevitável.

“Em áreas continentais como o Brasil, isso significa um aumento da ordem de quatro graus a quatro graus e meio, o que tem um impacto enorme na produtividade agropecuária, nos ecossistemas, na precipitação no Brasil central, além de fazer com que algumas regiões do país, como o Nordeste, que hoje é semiárido, tornem-se desérticas”.

Ele defende que é preciso pensar em políticas de adaptação climática para os milhões de brasileiros que habitam essas regiões, que em alguns anos podem ficar inóspitas pelas altas temperaturas e a falta de água.

As Conferências de Partes (COPs) são as maiores e mais importantes conferências anuais relacionadas ao clima do planeta. Elas revisam e negociam extensões de importantes acordos como o ECO-92, estabelecido no Rio de Janeiro há trinta anos, que define que as nações devem “estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera para evitar interferências perigosas da atividade humana no sistema climático”. O Protocolo de Kyoto (1997) e o Acordo de Paris (2015), por exemplo, foram criados em COPs.

Os grandes objetivos da COP-27 são a mitigação (como os países estão reduzindo suas emissões), a adaptação (como os países vão se adaptar e ajudar outros a fazerem o mesmo) e o financiamento climático. Espera-se que os países discutam importantes questões, como a revisão de seus planos climáticos, apresentação de novas metas, elaboração de planos de adaptação às mudanças inevitáveis e garantia de apoio financeiro para o combate às mudanças climáticas.

Os efeitos da mudança climática variam de acordo com a localização. Incluem risco de incêncios, inundações, ondas de calor extremas, secas, dias mais quentes ou mais frios, aumento do nível do mar e fenômenos ainda mais extremos, como ciclones tropicais e desertificação. “Estamos na estrada para o inferno climático com o pé no acelerador”, afirmou o secretário-geral das Nações Unidas António Guterres.


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