Brasil: remoção de órgãos é motivo para 23% dos casos de tráfico humano

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Entre 2017 e 2020, a Polícia Federal instaurou 422 inquéritos de tráfico humano interno e internacional. O maior objetivo dos crimes era o trabalho análogo à escravidão (36%) e, em segundo lugar, a remoção de órgãos (23%)

Imagem ilustrativa/ Foto: Adobe Stock

Segundo o Relatório Global sobre Tráfico de Pessoas, lançado em Viena em fevereiro de 2021, aumentou a proporção de crianças traficadas no mundo.

O número de crianças vítimas de tráfico humano triplicou nos últimos 15 anos. A proporção de meninos aumentou cinco vezes. Este grupo é o mais usado para trabalhos forçados. As meninas são mais traficadas para exploração sexual.

De modo geral, os alvos preferenciais dos traficantes são os mais vulneráveis, como migrantes e pessoas sem emprego.

Além do trabalho forçado e da exploração sexual, existem outros mercados envolvendo o tráfico humano. Os motivos para o crime vão de adoções ilegais a remoção de órgãos. No Brasil, por exemplo, entre o período de 2017 e 2020, a Polícia Federal instaurou 422 inquéritos de tráfico humano interno e internacional. O maior objetivo dos crimes era o trabalho análogo à escravidão (36%) e, em segundo lugar, a remoção de órgãos (23%).

O dado é do Relatório Nacional sobre o Tráfico de Pessoas, divulgado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. A pesquisa, elaborada pelo Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crime, abrange informações entre o período de 2017 e 2020.

Segundo o Ministério, dentre as possíveis vítimas desse crime que precisaram de atendimento, 37,2% correspondem a crianças e adolescentes e 63% eram negras.

A porcentagem do Brasil envolvendo crianças é maior que a média global. Segundo a ONU, a população infantil em todo o mundo representa 34% das vítimas deste tipo de crime.

Apesar de alguns avanços sobre o tema, apenas em outubro de 2016 foi sancionada no país a lei específica sobre o tráfico de pessoas. Até então, o tráfico humano, considerado a terceira maior atividade ilícita do mundo, estava ligado apenas à prostituição e à exploração sexual. Agora, no entanto, o crime ocorre quando a vítima é agenciada, recrutada, transportada ou comprada mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso.

Fontes: CNN Brasil e ONU