Brasil registrou 140 assassinatos de pessoas trans em 2021

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Dos 140 assassinatos de pessoas trans cometidos no Brasil em 2021, 135 foram de mulheres trans e travestis. País continua sendo o que mais mata pessoas trans no mundo

assassinatos de pessoas trans
Foto: Adobe Stock | Licenciado

Por Juliana Lima

O Brasil registrou 140 assassinatos de pessoas trans em 2021, sendo que 135 foram de mulheres transexuais e travestis, de acordo com um levantamento feito pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).

Embora menor do que o de 2020, quando foram registrados 175 assassinatos de pessoas trans, o número faz com que o Brasil seja o país que mais mata pessoas trans no mundo pelo 13º ano consecutivo.

Além disso, o número de casos é maior do que o de 2019, no período pré-pandemia, quando foram registrados 124 assassinatos, e também é maior do que a média de homicídios anuais de pessoas trans no país desde 2008, que fica em 123,8 mortes por ano.

A pesquisa, no entanto, aponta dificuldade no levantamento dos dados. A Antra justifica que isso acontece porque não há um recorte que contemple as pessoas trans nas estatísticas de secretarias de segurança e de instituições de direitos humanos que recebem denúncias de violações como o Disque 100.

“Nos casos de assassinatos, muitas vezes esses dados se perdem nos próprios registros de ocorrência. Da mesma forma, nos laudos dos Institutos Médicos Legais, ignora-se a identidade de gênero da pessoa, se destoante do padrão sexual binário”, diz Bruna Benevides, autora do estudo.

Para ela, o Brasil tem ado por um agravamento na violência contra pessoas trans: “Temos assistido a um levante contra as discussões sobre linguagem inclusiva de gênero para pessoas não-binárias, projetos de lei antitrans e o discurso que incluiu o ódio religioso contra direitos LGBTQIA+ tem ganhado mais espaço, trazendo impactos significativos no dia a dia”.

A pesquisa, chamada ‘Dossiê Assassinatos e Violências Contra Travestis e Transexuais Brasileiras em 2021’, também teve apoio de instituições públicas de ensino como a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Além do número total de assassinatos de pessoas trans, o estudo aponta também o perfil das principais vítimas: 81% eram pretas ou pardas, 78% trabalhavam como profissionais do sexo, e entre os casos em que havia registro de idade, 53% eram jovens de 18 a 29 anos.

Para a pesquisadora, o perfil majoritário demonstra a extrema vulnerabilidade social em que essas pessoas se encontram. “[Elas são] empurradas para a prostituição compulsoriamente pela falta de oportunidades, onde muitas se encontram em alta vulnerabilidade social e expostas aos maiores índices de violência, a toda a sorte de agressões físicas e psicológicas”, diz.

Fonte: Agência Brasil


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