Brasil perdeu quase 800 bibliotecas públicas e ganhou um clube de tiro por dia

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Dados do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas apontam que o Brasil perdeu ao menos 764 bibliotecas públicas entre 2015 e 2020; em um período de três anos, o país ganhou um clube de tiro por dia.

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Imagem ilustrativa/ Foto: Adobe Stock

Entre 2015 e 2020, o Brasil perdeu ao menos 764 bibliotecas públicas, segundo dados do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP), mantido pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo. Enquanto o país perdia bibliotecas, ganhou praticamente um clube de tiro por dia.

Em 2015, a base de dados contava 6.057 bibliotecas públicas no Brasil, número que caiu para 5.293 em 2020, dado mais recente disponível no site do SNBP. Para especialistas em biblioteconomia, a queda no número de bibliotecas revela um descaso do poder público com a população mais vulnerável que não tem o à livrarias.

Eles também alertam que o número de bibliotecas fechadas pode ser ainda maior, devido à atual fragilidade do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, após a extinção do Ministério da Cultura no antigo governo federal, e da falta de controle efetivo pelos sistemas estaduais, cujos dados alimentam o sistema nacional.

O Brasil tem 2.061 clubes de tiros, sendo que quase metade (1.006) foi aberta de janeiro de 2019 até maio de 2022, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. No período, quase um clube de tiro foi inaugurado por dia no país.

O crescimento do número de clubes vem acompanhado de outros aumentos relacionados a ele, como o de armas em circulação no país. Já no primeiro ano do governo Bolsonaro, o país atingiu um recorde de inaugurações de associações de tiro, com a abertura de 232 clubes. O índice, contudo, já foi superado duas vezes: foram 291 clubes criados em 2020 e mais 348 no ano ado.

Durante o programa de rádio Perspectiva, do Observatório do 3º Setor, sobre violência e discurso de ódio, o convidado Laurindo Leal Filho (Lalo Leal), jornalista, sociólogo e professor aposentado da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP) e membro do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Imprensa, comentou sobre o risco de uma guerra civil com tantas armas nas mãos de civis.

São 670 mil pessoas no país com porte de arma [colecionadores, atiradores desportivos e caçadores], há uma série de projetos no Legislativo permitindo que eles circulem com a arma. Se as coisas continuarem nesse ritmo, caminhamos para a possibilidade de uma guerra civil pois teremos civis armados com o direito de estarem armados, organizados contra a democracia.

Em uma live realizada em junho de 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro apresentou números crescentes do armamento do país, desde que flexibilizou o porte de armas para a população. Em sua fala, afirmou que, caso perdesse a eleição para Lula (PT), isso voltaria a ser um problema: “Não esqueça que o outro cara, o de nove dedos, já falou que vai acabar com o armamento no Brasil. Vai recolher as armas, clube de tiro vai virar biblioteca, como se ele fosse algum exemplo pra isso”.

Fonte: BBC Brasil e Yahoo


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