Brasil já registra 80 assassinatos de pessoas trans em 2021

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Relatório da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) aponta 89 mortes, das quais 80 foram assassinatos, e 27 violações a direitos humanos de pessoas trans no Brasil somente no primeiro semestre de 2021

pessoas trans
Foto: Adobe Stock | Licenciado

Por: Juliana Lima

Somente no primeiro semestre de 2021, o Brasil já registrou ao menos 27 violações aos direitos humanos de pessoas trans, além de 80 assassinatos, 33 tentativas de assassinatos e 9 suicídios dessa população. Os números são do mais novo relatório da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), que acompanha as denúncias de violência contra pessoas trans em todo o país.

O Brasil é líder no ranking mundial de assassinatos de pessoas trans em números absolutos, sendo que cerca de 80% das vítimas são negras. Segundo a associação, foram 175 casos de assassinatos de travestis e mulheres trans em 2020, que se consolidou como o ano mais violento contra essa população em uma série histórica.

Para a Antra, é importante acompanhar esses números com atenção e cautela para poder fazer a ligação entre os reais motivos dos assassinatos e a cultura de transfobia do país. Outro dado apontado foi a presença de crueldade e brutalidade na violência contra as pessoas trans, sendo frequentes casos de estupros coletivos, corpos incendiados, pessoas atiradas de dentro de veículos em movimento, espancamentos, sequestros, e desaparecimentos.

O relatório também cita outros problemas enfrentados por essa população, como casos de cyberbullying nas redes sociais, perseguições, humilhações, e constrangimentos de travestis e mulheres trans no uso de banheiros femininos, assédios e até dificuldades no o à saúde pública.

A Associação Nacional de Travestis e Transexuais reforça que os números levantados no relatório não refletem o cenário total da violência contra pessoas trans no Brasil, já que não há levantamentos oficiais de órgãos governamentais sobre o tema e há muita subnotificação nas denúncias públicas. A Antra faz também uma série de recomendações para o combate à violência, que vão desde a educação sobre tolerância até treinamentos específicos para profissionais e órgãos da segurança pública.


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