Brasil: alta no combustível faz motoristas de apps desistirem da profissão
Em São Paulo, 25% dos motoristas de aplicativo desistiram da profissão desde o início de 2020. Só agora em 2021, a gasolina da Petrobras subiu 51% e o diesel, 40%

O presidente da Associação de Motoristas de Aplicativos de São Paulo (Amasp), Eduardo Lima de Souza, que diz representar até 62 mil profissionais, afirmou que as tarifas não são reajustadas desde 2015. Segundo ele, 25% dos motoristas de aplicativo desistiram da profissão desde o início de 2020.
De acordo com o representante da categoria, esse número foi colhido a partir de uma base de dados da prefeitura de São Paulo. Souza diz que ela tinha 120 mil motoristas cadastrados no início de 2020 e, hoje, tem 90 mil.
Neste ano, a gasolina da Petrobras subiu 51%, o diesel subiu 40% e o petróleo Brent teve avanço de 38%. O último reajuste da gasolina foi agora em agosto e já havia ocorrido um aumento em julho.
O primeiro reajuste do ano foi em 2 de janeiro, quando o litro nas refinarias custava R$ 1,84. Desde o último reajuste, em 12 de agosto, o valor médio está em R$ 2,78. Em algumas partes do Brasil, como São Paulo e Amazonas, o litro da gasolina já chega a R$ 6 para o consumidor final.
Segundo a Petrobras, o ree dos reajustes nas refinarias aos consumidores finais nos postos não é garantido, e depende de uma série de questões, como margem da distribuição e revenda, impostos e adição obrigatória de etanol anidro e biodiesel.
Quem trabalha com transporte por aplicativo viu o rendimento cair. Os preços das corridas são tabelados pela empresa e não foram atualizados de acordo com a alta dos combustíveis.
A massoterapeuta Ana Paula Aparecida de Oliveira, de 38 anos, trabalha há cinco como motorista de aplicativo, depois que se divorciou e abandonou o emprego na empresa do ex-marido. Com o dinheiro do trabalho com aplicativos, ela criou os dois filhos, hoje com 18 e 14 anos, mas agora reflete: “penso todos os dias em desistir”.
“É triste quando fecha o dia e eu saio para abastecer. Estou há muito tempo fora do mercado de trabalho e tenho dois filhos para criar, senão eu voltaria para a minha área”, afirmou.
Ana Paula tem 25 mil corridas acumuladas nos aplicativos, sendo 15 mil na Uber e 10 mil na 99.
Com tamanha experiência, ela diz trabalhar 14 horas por dia, das 18h às 8h. Como a Uber só libera 12 horas de jornada por dia, as outras duas ela complementa com a 99.
Ser motorista de aplicativos é a solução encontrada por milhares de brasileiros para sobreviver diante da crise e do aumento do desemprego. Com a desistência de tantos motoristas por causa do preço dos combustíveis, resta saber do que essas pessoas vão sobreviver. Atualmente, 19 milhões de pessoas am fome no Brasil.
Fontes: BBC Brasil, G1 e CNN Brasil
09/05/2022 @ 17:24
[…] preço médio do litro do combustível comum se mantém acima de R$ 7 em 20 capitais brasileiras. Em relação ao praticado na semana de […]