Ataque racista: Negros são agredidos a pauladas em Curitiba

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“Esse homem já chegou movido por ódio racial e começou a falar que ‘negro tem que morrer’, que ele é ‘um negro sujo’, sem que houvesse qualquer tipo de discussão entre eles”, contou o advogado de uma das vítimas.

Imagem ilustrativa | Foto: Adobe Stock

Dois ataques racistas foram registrados em Curitiba pelo mesmo agressor. Os casos foram registrados na semana ada e gravados por câmeras de segurança em ruas do centro da capital paranaense.

A primeira ocorrência foi no dia 22/11, contra o músico negro Odivaldo Carlos da Silva, conhecido na região como Neno. Ele andava pela rua Doutor Faivre, quando foi agredido por um homem identificado como Paulo Cezar Bezerra da Silva. O suspeito usava um cassetete e estava com um cachorro agressivo.

“Esse homem já chegou movido por ódio racial e começou a falar que ‘negro tem que morrer’, que ele é ‘um negro sujo’, sem que houvesse qualquer tipo de discussão entre eles. Neno levou cinco golpes de cassetete na cabeça, está mancando, com o olho bem machucado e talvez precise de uma cirurgia no maxilar”, disse ao UOL o advogado do músico, José Carlos Portella Junior.

A vítima, que mora perto do local que foi agredido, relatou em depoimento que não conhece Paulo. “O que mais me assusta é que tudo isso foi em plena luz do dia, durante a semana e com bastante gente circulando pelo local. Ele ainda está com muito medo e bem abalado”, afirmou o advogado.

Um dia depois, na quarta-feira (23/11), outro vídeo que circula nas redes sociais mostra o mesmo agressor atacando uma pessoa em situação de rua, também no centro de Curitiba, na rua Francisco Torres. A identidade da vítima, por enquanto, não foi divulgada.

“O nosso mandato recebeu novas imagens de outro ataque do racista que está espancando pessoas negras na cidade, confundidas por ele como pessoas em situação de rua. É inaceitável que esse sujeito ainda esteja livre pelas ruas. Racismo é crime e não pode ficar impune”, postou nas redes sociais a vereadora e agora a primeira deputada federal negra eleita no Paraná, Carol Dartora (PT).

A Secretaria de Segurança Pública do Paraná foi procurada pela reportagem e informou que no primeiro boletim de ocorrência, registrado pela Polícia Militar em 22 de novembro, não foi mencionada a injúria racial nas agressões.

“Inicialmente, a polícia achou que se tratava de uma agressão leve, que não constava injúria racial, por isso liberou o agressor. Dois dias depois, caiu a ficha do Neno e ele mobilizou todo mundo para fazer pressão e pedir justiça por tudo que aconteceu. Isso é racismo e tentativa de homicídio”, finaliza o advogado do músico.

O músico e o suspeito de ser o agressor já foram intimados para prestar depoimento sobre o caso. O homem não foi preso e deve prestar esclarecimentos.

Fonte: UOL