Amazônia vive epidemia de garimpo ilegal, alerta Greenpeace

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Organização internacional flagrou presença do garimpo ilegal nas balsas do rio Madeira. Segundo o Greenpeace, presença de garimpeiros avança em Unidades de Conservação e Terras Indígenas da Amazônia

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Centenas de balsas do garimpo ilegal no rio Madeira, no Amazonas | Foto: Bruno Kelly/Greenpeace

Por: Juliana Lima

A organização internacional Greenpeace chamou de “epidemia” a atual situação da Amazônia brasileira, cada dia mais ameaçada pelo garimpo ilegal. Por meio de sobrevoos em diferentes regiões do bioma, a organização detectou o avanço do garimpo em Unidades de Conservação (UC) e Terras Indígenas (TI). No dia 23 de novembro, o Greenpeace flagrou centenas de balsas de garimpo ilegal alocadas no rio Madeira, em Autazes, no Amazonas.

A denúncia realizada pelo organização resultou em uma operação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e da Polícia Federal no local. Segundo o Greenpeace Brasil, a ação policial desarticulou uma rede que explorava ouro de maneira ilegal na região entre as cidades de Autazes, a cerca de 100 quilômetros de Manaus, e Nova Olinda do Norte. Durante a operação, 113 balsas foram destruídas e três pessoas foram presas.

“O que vimos no sobrevoo é o desenrolar de um crime ocorrendo à luz do dia, sem o menor constrangimento”, disse Danicley de Aguiar, porta-voz da Campanha Amazônia do Greenpeace Brasil.

No dia 1º de dezembro, a organização fez outra denúncia inédita: desde 2016, o garimpo ilegal já destruiu pelo menos 632 quilômetros de rios dentro da Terra Indígena Munduruku, no Pará.

Os rios destruídos foram o Marupá, das Tropas, Cabitutu, o igarapé Mutum, o rio Marupá e o igarapé Joari (conhecido localmente como Joarizal). Segundo a organização, em cinco anos, houve um aumento de 2.278% na extensão de rios destruídos dentro da Terra Indígena Munduruku.

O Greenpeace salienta ainda que, entre 2018 e 2019, a quantidade de quilômetros de rios destruídos no território Munduruku teve um aumento expressivo, saindo de 88,5 para 178, ou seja, um aumento de 101,12%. Para a organização, isso reflete a política e o discurso antiambiental do presidente Jair Bolsonaro (PL) e o desmonte da legislação socioambiental brasileira.

“Infelizmente, o que estamos vendo nos últimos anos é uma verdadeira explosão do garimpo ilegal na Amazônia. Obviamente, um problema desse tamanho tem muitas causas, como a crise econômica e a falta de oportunidade, mas sem dúvida nenhuma, o apoio dos diferentes níveis de governo tem sido o acelerador para que a situação chegasse nesse ponto que estamos agora”, disse Rômulo Batista, porta-voz da campanha de Amazônia do Greenpeace Brasil.


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