Afeganistão: Talibã proíbe mulheres de frequentar universidades e trabalhar

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Em Kandahar, que foi a capital do regime talibã durante sua ditadura, várias bancárias, ao se apresentarem para trabalhar, foram escoltadas até suas casas por homens armados, com a ordem de não retornarem

Imagem ilustrativa/ Foto: Adobe Stock

Com a saída das tropas norte-americanas do Afeganistão, o grupo extremista Talibã já chegou à capital do país, Cabul, e determinou que as estudantes da Universidade de Cabul não frequentem mais as aulas até que a Shura de Quetta tome uma decisão sobre se podem ou não prosseguir seus estudos.

Shura de Quetta é a assembleia de dirigentes talibãs que dirige a milícia a partir dessa cidade do Paquistão, deixando em evidência os laços do país vizinho com os militantes islâmicos.

Em Herat, uma cidade próxima à fronteira com o Irã e com forte influência persa, o Talibã está recriminando as mulheres que trabalham em escritórios e vetando a entrada delas na universidade local, onde constituem 60% dos alunos.

Por isso, no último domingo (15/08), pela manhã, com o Talibã às portas da capital afegã, alguns professores da Universidade de Cabul se despediram das suas alunas, prevendo que não poderão voltar a vê-las durante certo tempo. Uma delas, Aisha, expressava seu temor de não conseguir se formar, “como milhares de estudantes em todo o país”.

Em Kandahar, que foi a capital do regime talibã durante sua ditadura, a Reuters colheu relatos de várias bancárias que, ao se apresentarem para trabalhar, foram escoltadas até suas casas por homens armados, com a ordem de não retornarem. Receberam, isso sim, a oferta de que seus cargos fossem ocupados por algum parente homem.

Também de Kandahar chegam notícias da detenção de intelectuais e ativistas. O último deles, Ahmad Wali Ayubi, foi preso em sua casa, segundo seus familiares, e seu paradeiro é desconhecido.

Os dirigentes do Talibã têm consciência de que, após quatro décadas de guerras e terrorismo, os afegãos temem, acima de tudo, a violência e o caos. O secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, pediu moderação ao Talibã e expressou preocupação especial com o futuro das mulheres e meninas no Afeganistão.

Fontes: El País e CNN Brasil