Afeganistão: dispara suicídios de mulheres desde a volta do Talibã

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Com a volta do Talibã, as mulheres aram a representar mais de três quartos das mortes por suicídio registradas no Afeganistão, dado que inclui ainda as tentativas de tirar a própria vida. 

Imagem: Adobe Stock

Com a volta do Talibã, as mulheres aram a representar mais de três quartos das mortes por suicídio registradas no Afeganistão, dado que inclui ainda as tentativas de tirar a própria vida.

A maior parte das vítimas era de mulheres jovens, ainda no início da adolescência. Os números provavelmente são subnotificados, uma vez que o suicídio é considerado vergonhoso em países muçulmanos e, muitas vezes, encoberto. Algumas mulheres que tentam o suicídio não são levadas para tratamento, e algumas que morrem são enterradas sem registro de que tiraram a própria vida.

Desde que o grupo fundamentalista islâmico recuperou o controle do Afeganistão, em agosto de 2021, as mulheres foram proibidas de frequentar universidades, salão de beleza, trabalhar e muitas com carreiras consolidadas estão sendo perseguidas.

Segundo uma reportagem da BBC, calcula-se que mais de 220 juízas afegãs estejam vivendo escondidas em seu próprio país. Sob a condição de permanecer em anonimato, seis delas concederam entrevistas ao jornal contando sobre as várias ameaças de mortes que andam recebendo.

O Talibã também proibiu mulheres de trabalhar para organizações da sociedade civil no Afeganistão.  O governo Talibã alegou que as mulheres não estariam respeitando o código de vestimenta, mesmo argumento utilizado para proibi-las de frequentar universidades no país.

“A situação é terrível”, afirma Anjhula Singh Bais, presidente do Conselho da Anistia Internacional e também psicóloga especializada em trauma. “Muitos psicólogos que fazem trabalho de campo pelo mundo, inclusive eu, têm falado que a situação agora é crônica. Os traumas, a opressão e as violações são imensas. O suicídio é um sinal de que as pessoas sentem que não há esperança. No Afeganistão, atingiu-se uma consciência coletiva de desesperança.”

O médico psiquiatra Sharafuddin Azimi, professor associado na Universidade de Cabul, conta que seu número de pacientes — mulheres, em especial — aumentou significativamente depois da volta do Talibã. Em 2019, ele atendia cerca de 1.300 pessoas por ano. Agora, estima que esse número varie entre 2.300 e 2.400. Em média, Azimi diz atender entre 50 e cem pessoas a cada semana.

As restrições impostas pelo grupo fundamentalista são a principal queixa no consultório. Os sintomas mais frequentes relatados pelas pacientes são aqueles relacionados a depressão, ansiedade e síndrome do pânico. Algumas pessoas alegam ter desenvolvido certos tipos de vício para lidar com suas questões.

“As mulheres vêm até mim e dizem: ‘Estamos deprimidas e desesperançosas. Não temos um futuro. O que devemos fazer?'”, relata Azimi. “Toda semana converso com pacientes que dizem querer tirar a própria vida. É desesperador”, lamenta.

 

Fonte: R7


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