A história se repete: homem negro é morto no Brasil por cobrar salário
Morte do congolês Moïse Kabagambe, que trabalhava em um quiosque na Barra da Tijuca, no Rio, lembra a história do soldado negro Francisco José das Chagas, que foi levado à forca no século 19, em São Paulo, por exigir o que era seu por direito: o salário

O congolês Moïse Kabagambe, de 24 anos, foi morto na segunda-feira (24/01) no Rio de Janeiro. Ele trabalhava por diárias em um quiosque na Barra da Tijuca, na Zona Oeste da cidade.
Segundo a família, Moïse foi vítima de uma sequência de agressões após ter cobrado dois dias de pagamento atrasado. Seu corpo foi achado amarrado em uma escada.
Infelizmente, esta não é a primeira história de um negro morto por cobrar salário no Brasil. No dia 20 de setembro de 1821, o soldado Francisco José das Chagas seria enforcado no Largo da Forca, onde pessoas que tinham cometido crimes eram condenadas à morte. O local era o mesmo onde hoje fica a Praça da Liberdade, no bairro de mesmo nome em São Paulo.
O crime de Chaguinhas, como o soldado ficou conhecido, foi liderar uma revolta em Santos contra o não recebimento dos salários. Ele era um homem negro que integrava o serviço militar, assim como outros alforriados no século 19.
O que não se esperava era que a corda com a qual Chaguinhas seria enforcado arrebentaria três vezes, fazendo com que a população que assistia ao ato começasse a gritar “liberdade”.
Chaguinhas não foi perdoado e foi morto a pauladas. Mas ganhou fama de santo popular e o corpo foi levado para a Capela dos Aflitos, erguida em 1779, que pertencia ao Cemitério dos Aflitos, onde eram enterrados negros, indígenas e os enforcados.
No local em que o soldado quase foi enforcado, as pessoas começaram a acender velas e surgiu a Igreja Santa Cruz das Almas dos Enforcados em 1853. Já a Capela dos Aflitos ou a receber, desde então, devotos que iam pedir milagres, colocando papéis em uma porta de madeira e batendo nela três vezes – número de arrebentamentos da corda.
Apesar de essa história ser pouco conhecida, vem daí o nome do bairro. Mais recentemente, diversos grupos começam a contar essa narrativa e há um projeto de construir um memorial que conte sobre a presença dos negros na Liberdade.
Até hoje, Chaguinhas não tem um busto ou uma placa contando essa história na praça principal do bairro.
Fonte: g1
03/02/2022 @ 15:44
[…] e sangues espalhados no cemitério de vozes silenciadas, de homens e mulheres, como MOISE KABAMGABE, cidadão congolês, refugiado. Assassinado brutalmente no dia 24 de janeiro de 2022, no Rio de […]
04/02/2022 @ 15:14
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21/02/2022 @ 16:55
[…] fez posts em suas redes sociais no dia 11 de fevereiro atacando o congolês Moïse Kabagambe, espancado até a morte em um quiosque na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. O congolês foi assassinado […]