A cada hora, uma pessoa com deficiência é vítima de violência no Brasil

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De acordo com a nova edição do Atlas da Violência, em 2019, foram registradas 7.613 agressões contra pessoas com algum tipo de deficiência. É a primeira vez que o Atlas analisa esse dado

Por hora, uma pessoa com deficiência é vítima de violência no Brasil
Foto: Adobe Stock | Licenciado

Por: Mariana Lima

Em 2019, foram registrados 7.613 casos de violência contra pessoas com deficiência no Brasil, o equivalente a quase um por hora, segundo nova edição do Atlas da Violência, do Ipea. É a primeira vez que notificações desse tipo no sistema de saúde são analisadas pelo estudo.

De acordo com o Atlas, o grupo que mais sofre é o que tem deficiência intelectual, com 36,2 ocorrências para cada 10 mil pessoas com essa condição. Depois vem a população com deficiência física (11,4) e, em seguida, auditiva (3,6) e visual (1,4), sendo que pode haver mais de uma ocorrência por vítima.

As agressões também atingem mais as mulheres, que carregam taxas mais de duas vezes superiores às dos homens, e as crianças ou adolescentes. A maior concentração de casos ocorre dos 10 aos 19 anos, caindo gradativamente com o aumento da idade.

A violência mais notificada é a física (53%), majoritária entre os adultos. Em seguida vem a agressão psicológica (32%) e então a negligência ou abandono (29%), recorrente entre crianças de até 9 anos e idosos. Já a violência sexual (21%) ocorre principalmente entre meninas, adolescentes e jovens.

Os dados são do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, e foram analisados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), ligado ao governo do Espírito Santo.

Neste cenário, vale pontuar que os números representam apenas uma parte das ocorrências: aquelas que são efetivamente notificadas, dependendo de a vítima procurar ou ser levada a uma unidade de saúde, e de a violência ser identificada e registrada pelos profissionais da rede. Não estão incluídas violências autoprovocadas.

Segundo o estudo, parte desse grupo pode apresentar maior dificuldade para a percepção e compreensão das situações de abuso. A maioria dos casos é de violência doméstica (58%), seguida por violência comunitária (24%), ou seja, provocada por amigos, conhecidos ou desconhecidos.

Fontes: Folha de S. Paulo