1 em cada 4 meninas no Brasil se casa antes dos 18 anos

O casamento infantil está intimamente ligado a questões como maior número de filhos e perpetuação da pobreza através das gerações. Dados são do Fundo de População da ONU

Por: Isabela Alves

O relatório ‘Situação da População Mundial 2020’, divulgado pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), alerta que 1 em cada 4 meninas brasileiras se casa antes dos 18 anos. O índice de casamentos infantis no mundo é de 20%, enquanto no Brasil é de 26%.

“Casamentos de crianças são quase universalmente proibidos, mas acontecem 33.000 vezes por dia, todos os dias, em todo o mundo. Estima-se que 650 milhões de meninas e mulheres vivas hoje casaram-se quando eram ainda crianças e, até 2030, outras 150 milhões de meninas com menos de 18 anos irão se casar”, diz o relatório.

A África subsaariana, a Ásia e a América Latina são as regiões que lideram o número de casos de casamento infantil no mundo. 

As meninas são as principais vítimas desta violação. Entre as principais razões para que esta situação ainda ocorra estão os valores patriarcais, como a preservação da virgindade, gravidez precoce e a contribuição com o trabalho doméstico.

O levantamento também revela que as meninas que se casam apenas com o ensino primário têm duas vezes mais chances de se casar ou viver em união conjugal. 

Uma das consequências do casamento infantil é a gravidez, e consequentemente o parto, precoce. Sem estarem prontas física, emocional, intelectual ou mesmo financeiramente para assumirem a maternidade tão cedo, é mais provável que essas meninas e jovens morram devido a complicações na gravidez e no parto, e é mais provável que seus primeiros filhos sejam natimortos ou morram no primeiro mês de vida.

O casamento infantil está intimamente ligado também a questões como maior número de filhos e perpetuação da pobreza através das gerações.

O custo para eliminar o casamento infantil no mundo seria de US$ 35 bilhões de dólares (aproximadamente R$ 187 bilhões) em dez anos. Para isso, seria necessário investir em programas que trabalham para a erradicação da união precoce e que promovem o empoderamento feminino. A atual pandemia de Covid-19 pode causar 13 milhões de casamentos precoces adicionais entre 2020 e 2030. 

Para baixar o relatório completo, disponível em português, clique aqui.