No Brasil, violência afeta mais idosos negros do que brancos

Segundo o Atlas da Violência 2023, idosos têm sido expostos a situações de negligência e atos violentos, principalmente os negros e negras

Da Redação

A violência contra idosos afeta mais pessoas negras do que brancas. O índice de idosos mortos por agressões é mais alto para homens e mulheres negros do que não negros. É o que mostra o Atlas da Violência 2023, lançado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). 

Segundo o Estatuto da Pessoa Idosa, o envelhecimento é um direito pessoal que deve ser protegido como direito social. No Brasil, porém, esse direito é violado diariamente, principalmente quando se trata de pessoas negras. 

Mais pessoas não negras compõem a população idosa brasileira do que pessoas pretas e pardas. Isso porque, de acordo com os dados da pesquisa, em 2021, a idade média ao morrer de homens negros era de 59 anos, enquanto de não negros era mais de 65 anos. No caso das mulheres, as negras vivem quatro anos a menos que as não negras. Considerando mortes por assassinato ou outras causas, como agressões, acidentes de transportes e quedas, homens negros morrem mais que não negros. 

No resumo de seu levantamento, o Atlas da Violência 2023 declarou como “situação negligenciada”, ao se referir aos atos de violência contra idosos. “Os idosos têm sido expostos a inúmeras situações de negligência e atos de violência, apesar das dificuldades na mensuração da questão. Essas dificuldades ficam ainda mais acentuadas para análises sob uma mirada racial”.

Esta foi a primeira vez que o Atlas analisou os índices sobre violações contra idosos, contribuindo para o ODS 16 da Agenda 2030, meta que diz respeito ao combate à violência. O material completo está disponível no site.

Casos de violência contra idosos e qualquer outro grupo podem ser denunciados por meio do Disque 100, o canal da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos. O serviço é gratuito, anônimo e funciona 24 horas por dia, de segunda à segunda. Além disso, diversas organizações do terceiro setor trabalham para auxiliar idosos que sofrem violência ou necessitam de apoio, entre elas o Instituto Velho Amigo, a EternamenteSou e a Associação Brasileira de Apoio à Terceira Idade (ABRATI).