Narrativas audiovisuais ajudam a combater bullying homofóbico nas escolas

Direitos Humanos
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Para Emerson Vicente-Cruz, autor do estudo, os estigmas sociais invisibilizam o bullying homofóbico

Imagem: Freepik

Por Lucas Neves

Um estudo apontou caminhos para enfrentar o bullying homofóbico nas escolas. Conduzido por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e apoiado pela Fapesp, o trabalho concluiu ser valida a estratégia de exibir narrativas audiovisuais, simulando cenários de bullying homofóbico, para gerar reflexões sobre inclusão e respeito nas salas de aula.

O primeiro autor do estudo e doutor em Psicologia Social pela Universidade de Barcelona, Emerson Vicente-Cruz, foi um dos convidados do Brasil ODS da última quinta-feira (17). Durante sua participação no programa do Observatório do Terceiro Setor (OTS), ele falou sobre o artigo e abordou as nuances do bullying homofóbico.

Bullying homofóbico

Segundo Vicente-Cruz, esse tipo de violência costuma ser invisibilizada, uma vez que as pessoas homossexuais sofrem com estigmas sociais e, normalmente, não possuem apoio de familiares e amigos. “O caso do bullying homofóbico é muito complicado, porque as pessoas não querem ser associadas a esse estigma social que sofre o coletivo LGBTQIA+”, disse o autor do estudo

Além disso, Vicente-Cruz definiu o bullying como uma violência sistemática que implica relações de poder. “Por exemplo, se chamo uma pessoa de gay é uma violência e uma agressão verbal, mas não podemos definir como bullying. Ele tem que acontecer ao longo do tempo, e não pontualmente”.

O Brasil ODS também recebeu a Cléo Fante. Ela é doutora em Ciências da Educação, neuropsicopedagoga e autora do programa antibullying “Educar para a Paz”. Ela alertou para a importância de conhecer as características que definem o bullying. Completando a fala de Vicente-Cruz, Cléo afirmou que a ausência de motivação é outro atributo existente nessa violência.

“O bullying não surge de uma briga ou desentendimento entre indivíduos. Ele nasce na gratuidade e do desequilíbrio de força ou poder entre o autor e a vítima”, comentou Cléo, destacando também a intencionalidade do autor de provocar danos ao outro, constrangendo, humilhando e o colocando em situação de inferioridade.

Desafios no enfrentamento do bullying nas escolas

Durante o episódio do Brasil ODS, os apresentadores Joel Scala e Gabriela Chabbouh questionaram os entrevistados sobre as dificuldades enfrentadas no combate ao bullying nas escolas. Nesse sentido, Cléo afirmou que ainda existe um longo caminho a percorrer no sentido de conscientização por parte dos adultos.

“Falta conscientização e, sobretudo, a capacitação profissional. A Lei 13.185 fala que é obrigação das escolas o trabalho preventivo, mas para se trabalhar numa prevenção é preciso conhecer que tipo de problema está se prevenindo ou se intervindo”, concluiu a neuropsicopedagoga.

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)

Fora os convidados, o Brasil ODS recebeu a participação do colunista Paulo Almeida, especialista nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Neste episódio, foram abordados os ODS 3 (Saúde e bem-estar), focado em garantir o o à saúde de qualidade e promover o bem-estar para todos, em todas as idades, e o ODS 4 (Educação de Qualidade), cujo objetivo é prover o o à educação inclusiva, de qualidade e equitativa, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.

Brasil ODS

O Brasil ODS é uma produção do Observatório do Terceiro Setor que conta com o apoio da Fapesp — Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Ele vai ao ar às quintas-feiras na Rádio Brasil Atual, que pode ser sintonizada na frequência FM na Grande São Paulo (98,9), no litoral paulista (93,3) e no noroeste paulista (102,7). Também é possível ouvi-la de qualquer lugar, por meio do site radios.com.br/play/24568.


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