Juventude brasileira: urgência no debate público
Os jovens brasileiros são o grande tema do momento, desde as manifestações iniciadas em junho de 2013 e os “rolezinhos“ que vem acontecendo no “paraíso do consumo”.
É importante compreender que a juventude brasileira não é homogênea e igual, mas diversa e com grande desigualdade, seja na esfera social, econômica ou cultural.
As últimas pesquisas realizadas pela Secretaria Nacional da Juventude em parceria com a UNESCO em 2013 apresentaram dados interessantes e que nos fazem refletir sobre o perfil do jovem brasileiro e as suas perspectivas em relação ao Brasil.
Fiquei impressionada que esse jovem moderno e cheio de informações, sempre “ligado” com o mundo mostra-se condicionado em muitos aspectos ou até cooptado por forças conservadoras. Isso é percebido quando perguntados sobre quais fatores que são importantes para melhorar a sua vida e para garantir os direitos, os jovens apontam o esforço pessoal (68%) e a política do governo (47%). Não somente isso, mas, no que se refere a temas que devem ser discutidos na sociedade, eles apontam a educação (23%), o que é surpreendente. A violência e o emprego são as maiores preocupações dos jovens brasileiros, correspondendo a 43% e 34% respectivamente.
No nível educacional, é necessário destacar que somente 13% dos jovens seguiram até o ensino superior, sendo que 16% atingiram o ensino fundamental completo, 11% concluíram o fundamental, 21% o ensino médio incompleto e 38% conseguiram concluir o ensino médio. Além disso, infelizmente, 91% dos jovens de baixa renda utilizam a televisão aberta como meio de informação. Já a internet é o meio mais utilizado entre os mais ricos (73%).
Esses dados de 2013 nos mostram que avançamos, em comparação ao censo de 2003. Porém, os desafios são muitos e precisamos investir mais em educação, para que temas como violência e emprego estejam em patamares menores.
Não somente isso, mas questões como a grande desigualdade social devem estar presentes na pauta política. Problema esse de grande parte dos jovens que não tem o à educação superior e que são vitimas da violência e do preconceito, seja por estrato social ou raça.
Entretanto, apesar deste quadro ainda preocupante da situação do jovem no Brasil, estes se mostram otimistas quando perguntados se o Brasil vai melhorar. 44% afirmaram que sim e 31% que vai piorar. Por outro lado, apontam que para mudar o mundo é importante a mobilização das ruas (46%), bem como a participação em associações e ações coletivas (45%) e por fim, a participação em conferências e audiências públicas (36%).
É animador verificar o ativismo dos jovens na sociedade e nas organizações do terceiro setor, seja na área cultural, ambiental entre outros. Esse pode ser um caminho para se possa resgatar a importância da política e da coresponsabilidade de todos os atores e setores sociais.
Contudo, os desafios são muitos. Mas é necessário investir na educação dos jovens, com vista à construção e o desenvolvimento do nosso país. Para isso, se faz necessário avançar para um debate mais profundo sobre a complexidade dos fatos, seja da nossa realidade como a nível global. As organizações do terceiro setor podem dar este o articulando e trazendo para a arena pública debates como esses.
A educação é a chave principal para que possamos abrir as portas do desenvolvimento humano, como também a chave para fechar as portas da desigualdade social, da violência e da exclusão. Os jovens brasileiros podem ser os protagonistas de um novo caminho ou serem os “novos velhos” prisioneiros e vítimas desse sistema.