Israelense resgata netas ucranianas da mulher que salvou sua avó judia do Holocausto
Sharon, de 46 anos, disse que foi uma honra receber as ucranianas e retribuir a gentileza imensurável de quase 80 anos atrás

As refugiadas ucranianas Lesia Orshoko e Alona Chugai são primas e estavam fugindo da guerra que começou na Ucrânia há quase um mês. As duas desembarcaram em Israel e foram recebidas por Sharon Bass, cuja avó judia foi abrigada e salva pela avó de Lesia, na Ucrânia, durante o Holocausto, informou o Washington Post.
Sharon, de 46 anos, disse que foi uma honra receber as ucranianas e retribuir a gentileza imensurável de quase 80 anos atrás. Ela relata que, quando viu os ataques na Ucrânia, seus pensamentos imediatamente se voltaram para sua avó, Fania Rosenfeld Bass, e sua notável vontade de sobreviver enquanto se escondia dos nazistas.
Fania era uma adolescente que vivia na cidade ucraniana de Rafalowka quando os alemães a invadiram, forçando os judeus a entrar em guetos e campos de trabalho escravo. A maior parte de sua família foi morta, incluindo seus pais e cinco irmãos, cujos corpos foram jogados em covas abertas e sem identificação na floresta de Rafalowka. Sua irmã mais nova tinha apenas 6 anos. No entanto, Fania fugiu e sobreviveu, e voltaria, anos depois, com outros sobreviventes e sua filha, Chagit, para criar um memorial no local do massacre.
Por uma incrível coincidência, a vida de Fania foi salva por uma corajosa mulher ucraniana não judia chamada Maria Blyshchik. Ela e sua família esconderam Fania durante os dois últimos anos da guerra, até pouco antes da cidade de Rafalowka ser liberta pelo Exército Vermelho em fevereiro de 1944.
Logo depois, Fania mudou-se para Israel e começou uma família. Ela contou sua história repetidamente para seus filhos e netos, deixando-os saber sobre as boas pessoas que mantiveram sua humanidade e se rebelaram contra os horrores da guerra.
Fania e a família de Maria perderam o contato por vários anos. No entanto, com a tecnologia, conseguiram se reconectar na década de 90 e desde então sempre se comunicaram. Neta de Fania, Sharon cresceu ouvindo sobre a história de bravura de Maria e, então, não hesitou em entrar em contato com Lesia, 36, e Alona, 47, no mês ado para oferecer ajuda quando a guerra estourou.
No entanto, não foi fácil levar as refugiadas para Israel. Foi só após uma pressão pública que a história de Lesia Orshoko e Alona Chugai chegou até o Ministério das Relações Exteriores de Israel, onde políticos de alto escalão se envolveram pessoalmente para ajudá-las a eliminar a burocracia usual. Curiosamente, a aprovação do visto de Lesia e Alona ocorreu no terceiro aniversário da morte de Fania. Ela viveu até os 97 anos.
Fonte: Revista Crescer