Inspirações e reflexões para o engajamento de voluntários na pandemia

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Inspirações e reflexões para o engajamento de voluntários
Foto: rawpixel.com via Freepik

Nos últimos dias, todos estamos acompanhando as mudanças e cancelamentos dos encontros e eventos. Além disso, planos de trabalho e atividades foram ajustados priorizando a segurança e a saúde frente à Covid-19.

Sabemos o quão difícil é esse momento que, de alguma maneira, nos afastou do formato e da essência do voluntariado: o trabalho lado a lado, construir com mãos e corações, estar junto, compartilhar e colaborar.

Hoje, escrevo com o objetivo de inspirá-lo, para que líderes de programas de voluntariado para organizações e voluntariado corporativo compreendam a importância do que fazemos como voluntários, especialmente agora, em meio a esta pandemia. É em tempos de crise que as pessoas mais precisam umas das outras: bondade, simpatia, solidariedade e voluntariado devem marcar sua presença!

Experimentamos, nas últimas semanas, sentimentos que não conhecíamos: medo, insegurança, frustração. Em poucas horas, tivemos que nos adaptar a grandes mudanças, na rotina, convivendo com amigos e entes queridos, ferramentas de trabalho e, de fato, aprendemos muito com tudo isso! Agora, é a hora de transformar essa experiência e adquirir conhecimentos em atitudes!

Com a pandemia provocada pelo coronavírus, amos por ondas de sentimentos e atitudes:

A primeira onda foi de Insegurança e medo

Consumir em excesso

Divulgar tudo o que ouve

Irritar-se

Reclamar

Sentir frustração

Foi seguida de uma onda de Mudanças e Aprendizagem

Identificar emoções

Ter consciência da situação

Lidar com as frustrações

Reconhecer que é maior

Informar-se com o que é relevante

Desprender-se do incontrolável

E finalmente a onda que nos trouxe o Conhecimento e Ação

Valorizar o que realmente importa

Ter atitude e contribuir

Exercitar a empatia

Manter o bom humor

Espalhar gentileza e otimismo

Viver o presente

Compartilhar boas práticas

Promover a harmonia

Colaborar e compartilhar

Ser gentil

Ser cordial

Ser solidário

Praticar voluntariado

“Voluntariado: manter-se seguro e saudável, para proporcionar conforto e para ser uma fonte de esperança e resiliência para o futuro”

Estamos todos no mesmo mar, mas navegamos em barcos diferentes! Alguns mais vulneráveis, outros mais frágeis e talvez para alguns, nessa tempestade em alto mar, nem exista o barco. Mais do que nunca, é preciso reunir energia e esforços, e, com criatividade, colocar os talentos em movimento e participar.

Sempre existem formas de voluntariar! É espontâneo o desejo de ajudar: eu preciso fazer alguma coisa! Aparentemente, o distanciamento social e físico e as preocupações em torno de nossa própria segurança nem sempre parecem compatíveis com uma atividade voluntária.

Por isso é fundamental ter o a ferramentas e formas corretas e seguras de atuar.

– Procure as organizações onde já atua ou atuou como voluntário: Converse com os líderes da organização, ouça as demandas e como você pode contribuir e ser voluntário, remotamente ou pessoalmente.

– Busque portais que divulgam oportunidades de participação de voluntários: Plataformas web em inglês (IAVE, Points of Light, Online Volunteering, Deepmob), em espanhol (Haces Falta, Voluntariado y Estrategia, Idealist) e em português (Compartir, São Paulo Mais Humana, Parceiros Conecta, Atados, Transforma Brasil, Pátria Voluntária, AltruS, Busca Voluntária).

Atividades voluntárias à distância, virtuais, remotas

Realizado de forma presencial ou à distância, usando ou não tecnologia, o trabalho voluntário deve ser orientado com a mesma competência gerencial, mas utilizando ferramentas/meios diferentes. Esses meios são a internet e/ou telefone. Portanto, é uma questão de adaptação ao método.

Uma organização preparada para receber voluntários presenciais pode estar também preparada para receber voluntários digitais e remotos, deve haver comprometimento e dedicação, e o conhecimento das responsabilidades.

Para coordenar atividades de voluntariado, os líderes devem obrigatoriamente trabalhar com as ferramentas da internet e ter o hábito de responder rapidamente e-mails dos voluntários ou mensagens das mídias sociais ou via aplicativos de telefone.

É de suma importância que as atividades solicitadas ou propostas pelos voluntários, estejam descritas de forma clara, incluindo o que se espera do voluntário e em que prazo. Torna imprescindível o monitoramento com agradecimento, reconhecimento e valorização de seu trabalho.

A tecnologia está à nossa disposição para promover o voluntariado como dimensão de uma cidadania que se quer participativa, ativa e corresponsável. Espaço para a solidariedade e o apoio em um momento tão delicado e desafiador que enfrentamos. Alguns exemplos de atividades que o voluntário remoto pode realizar:

Contribuir ajudando a aumentar a conscientização sobre segurança e saúde.

Inspirar a comunidade virtual sobre o voluntariado.

Atuar como divulgador de causas e projetos.

Doar sangue.

Colocar talentos em movimento: costurar, tricotar, contar histórias, dominar idiomas.

Gravar áudio livros.

Realizar mentorias online.

Organizar ou apoiar campanhas de mobilização de recursos materiais e financeiros.

Traduzir documentos e conteúdos.

Buscar publicações ou notícias relevantes de determinada causa na internet.

Apoiar a gestão das mídias sociais.

Produzir vídeos com contação de histórias.

Atender chamadas telefônicas ou chats para uma linha de prevenção de suicídio, garantia de direitos, denúncias de violência.

Enviar um cartão ou carta virtual para aqueles mais isolados: crianças em casas de apoio, em abrigos, lar de idosos.

Localizar o centro de crise mais próximo e verificar se há como participar pessoalmente, tomando todas as precauções e usando todo o equipamento de segurança necessário.

Criar vídeos institucionais para capacitar por meio de videoaulas.

Pesquisar na internet editais para mobilização de recursos.

Assessorar na área de comunicação, gestão etc.

Elaborar projetos.

Planejar formas alternativas para comemorar o aniversário das crianças em abrigos e de idosos em isolamento.

Acolher temporariamente os animais dos abrigos ou organizar campanhas online para sua adoção.

Espalhar mensagens felizes e positivas no seu bairro, entre amigos e nas redes sociais.

“Em tempos de escuridão profunda, não precisamos apenas de luz – precisamos ser luz um para o outro.” Parker Palmer

Ao redor de todo o mundo, voluntários continuam se engajando, muitos adaptando as próprias atividades ao voluntariado digital. O distanciamento físico, isolamento social não significa estarmos sozinhos! O que realmente importa é que você faça, continue a fazer e a inovar seu trabalho voluntário para se adaptar a essas novas circunstâncias. Porque essa crise realmente vai acabar e, quando chegar ao fim, garanto que você emergirá mais forte. Para inspirar e refletir que é possível!

A crise mudou nossa maneira de atuar, as formas e decisões para doar dinheiro, recursos materiais ou nosso tempo como voluntário. Mas não muda nossos valores e propósitos.

Líderes de programas de voluntariado empresarial, os desafios são grandes, há de ter criatividade e muita comunicação para fidelizar quem já pratica voluntariado e ainda transformar a jornada de novos voluntários em uma experiência engajadora e transformadora.

Confiança de que a tempestade vai ar!

Esperança de dias serenos e mares calmos para navegarmos todos juntos, sim todos, em segurança e com alegria.

*A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião do Observatório do Terceiro Setor.

Silvia Naccache

Palestrante e consultora nas áreas de Voluntariado, Responsabilidade Social, Desenvolvimento Sustentável e Terceiro Setor. Conselheira voluntária da ABRAPS, Associação Vaga Lume e TJCC. Representante no Brasil da organização Impact2030, além de membra organizadora do Grupo de Estudos de Voluntariado Empresarial desde 2009. Coordenou por 14 anos o Centro de Voluntariado de São Paulo. Linkedin

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