O importante escritor brasileiro que foi “embranquecido” pela elite
Machado de Assis era afrodescendente e escreveu diversas obras com críticas à escravidão e à pobreza que atingia o povo negro. Mesmo assim, a elite de sua época fingia que ele era branco
Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no Rio de Janeiro, em 21 de junho de 1839, e foi um importante escritor brasileiro, considerado por muitos críticos, estudiosos, escritores e leitores um dos maiores nomes da literatura do Brasil.
Escreveu obras de praticamente todos os gêneros literários, sendo poeta, romancista, cronista, dramaturgo, contista, folhetinista, jornalista e crítico literário.
Testemunhou a Abolição da escravatura e a mudança política no país quando a República substituiu o Império, além das mais diversas reviravoltas pelo mundo em finais do século XIX e início do XX, tendo sido grande comentador e relator dos eventos político-sociais de sua época.
Era filho de um pintor de paredes e de uma imigrante portuguesa que trabalhava como lavadeira. Ele e seu pai sofriam o preconceito da época por serem “mulatos” (termo usado na época para pardos). A escravidão só foi abolida 49 anos após o seu nascimento.
Ao completar 10 anos, Machado tornou-se órfão de mãe. Mudou-se com o pai para São Cristóvão, também no Rio de Janeiro, e logo o pai se casou novamente, com Maria Inês da Silva. Ela cuidou de Machado mesmo quando seu pai morreu algum tempo depois.
Machado de Assis teve aulas no mesmo prédio que a madrasta trabalhava como doceira, enquanto à noite estudava língua sa com um padeiro imigrante.
Em 1854, publicou seu primeiro soneto, dedicado à ‘Ilustríssima Senhora D.P.J.A’, assinando como “J. M. M. Assis”, no Periódico dos Pobres.
No ano seguinte, ou a frequentar a livraria do jornalista e tipógrafo Francisco de Paula Brito. Paula Brito era um humanista e sua livraria, além de vender remédios, chás, fumo de rolo, porcas e parafusos, também servia como ponto de encontro.
Aos dezessete anos, Machado de Assis foi contratado como aprendiz de tipógrafo e revisor de imprensa na Imprensa Nacional, onde foi protegido e ajudado por Manuel Antônio de Almeida, que o incentivou a seguir a carreira literária.
Machado trabalhou na Imprensa Oficial de 1856 a 1858. No fim deste período, a convite do poeta Francisco Otaviano, ou a colaborar para o Correio Mercantil, importante jornal da época, escrevendo crônicas e revisando textos.
Em 12 de novembro de 1869, Machado de Assis casou-se com a portuguesa Carolina Augusta Xavier de Novais, a contragosto da família da noiva, por ele ser afrodescendente.
Machado de Assis só se tornou um escritor conhecido a partir de 1872, com a publicação do romance ‘Ressurreição’.
Ele foi fundador e eleito o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras. O livro ‘Memórias Póstumas de Brás Cubas’, publicado em 1881, é considerado sua maior obra e uma das mais importantes em língua portuguesa.
Obras notáveis, como ‘Memorial de Aires’, a crônica ‘Bons Dias!’ (1888) e o conto ‘Pai Contra Mãe’ (1905) expõem explicitamente as críticas à escravidão. Esta última obra começa da seguinte forma: “A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos […]”. Um destes ofícios e aparelhos a que Machado refere-se é o ferro que prendia o pescoço e os pés dos escravos e a máscara de folha-de-flandres. O conto é ainda uma análise de como o fim da escravidão levara estes aparelhos para a extinção, mas não levou a miséria e a pobreza.
Machado de Assis era considerado pela elite carioca como um homem branco, pois na época seria uma ofensa chamá-lo de mulato. Um trecho de carta escrita por Joaquim Nabuco a José Veríssimo, após a morte de Machado de Assis, revela o preconceito mascarado:
“ Mulato, ele foi de fato, um grego da melhor época. Eu não teria chamado Machado de Assis de mulato e penso que lhe doeria mais do que essa síntese. (…) O Machado para mim era um branco e creio que por tal se tornava”(…)
Machado de Assis morreu em 29 de setembro de 1908. O escrivão Olimpio da Silva Pereira escreveu “homem branco” em seu atestado de óbito.
Fontes: Wikipédia, BBC News Brasil e Geledés.
05/12/2019 @ 10:19
Acho que alguns professores de historias precisam aprender a contar as historias (negros) de fato como elas são. Não ficar só resumindo em 1888 os os (negros) foram libertas,etc.
E arem a falar dos,escritores,inventores, cientistas,advogados,etc… Isso tudo bem antes de 1888.
06/12/2019 @ 22:49
País racista?Não povo racista sim, bastam poucos para causar danos
Temos racistas de todas as cores, sim até negros contra negros
20/02/2023 @ 07:43
Fábio, Estou iniciando meu TCC e gostaria de contar esta história. E preciso de fonte. Você poderia me ajudar a encontrá-las?
02/02/2020 @ 16:31
O racismo não é,como se costuma julgar, um mal que acomete a alguns. O racismo é, antes de tudo, um ingrediente que foi criado pela cultura colonial para justificar a exploração de alguns seres humanos ( indígenas, negros…) por outros seres humanos. Sua herança hoje dá-se na falta de saneamento, nas moradias de risco, nas favelas, no narcotráfico, nas superlotações carcerárias, na uberização do trabalho…
22/02/2023 @ 11:12
Alguns falam q é culpa dos professores q não informam a verdade, negativo, o governo q não permitia e ainda hj evitam q seja divulgada a verdadeira história!
13/07/2020 @ 13:27
[…] Marcus Magrela foi um dos professores que fizeram toda a diferença na sua vida. Ele ou a custear o que fosse necessário para que Marcio continuasse estudando. Mais que isso, ele estimulou o senso crítico do estudante e o incentivou a consumir literatura, mostrando os escritores que mais amava. Uma das análises literárias mais marcantes para Marcio foi do livro ‘Memórias Póstumas de Brás Cubas’, de Machado de Assis. […]
15/07/2020 @ 07:05
[…] Marcus Agrela foi um dos professores que fizeram toda a diferença na sua vida. Ele ou a custear o que fosse necessário para que Marcio continuasse estudando. Mais que isso, ele estimulou o senso crítico do estudante e o incentivou a consumir literatura, mostrando os escritores que mais amava. Uma das análises literárias mais marcantes para Marcio foi do livro ‘Memórias Póstumas de Brás Cubas’, de Machado de Assis. […]
14/05/2021 @ 11:21
[…] “Machado de Assis deixou uma obra e por isso é lembrado até os dias de hoje. Mais importante do que sua espantosa biografia, é necessário resgatar o legado em seus escritos”, relata Ferreira. […]
24/02/2023 @ 09:43
A cor da pele não deve ser usada como definição do caráter humano.
21/02/2023 @ 08:47
Machado de Assis se achava branco e visitava sua família às escondidas, segundo Emília Viotti, historiadora.