Ikigai: educação para que se descubra o propósito

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“… a condição humana deveria ser o objeto essencial de todo ensino.” (MORIN, 2015, p.141)

Já ouviu falar sobre Ikigai? É sobre o que você vai ser quando crescer. Quando crescer? De pequenos, somos tantas coisas. Em um único dia somos médicos, engenheiros, advogados, atletas, veterinários e até super-heróis. Quem nunca sonhou em salvar a humanidade só com uma toalha de banho nas costas? Ikigai é sobre o que sonhamos.

Não basta que tenhamos profissionais formados por universidades renomadas, gente com experiência nacional e internacional, que domine vários idiomas. Precisamos de pessoas que tenham domínio de si, de seu ser em desenvolvimento. Pessoas que, alinhadas com seu propósito, não coloquem em risco sua vida, a de outros e a do planeta.

Se eu fosse colocar um anúncio buscando profissional, hoje, escreveria algo assim:

Trabalhe aqui se, e somente se:

– puder confiar – tecer conosco – um propósito de vida significativa, agradável, plena e produtiva.

– perceber que merecemos seu tempo, porque aqui você pode se encontrar com a razão de sua existência, unindo sua missão, paixão, talento e profissão.

– entender que esta nossa comunidade será sua, para que você faça o que mais ama e aquilo em que você é realmente bom.

– sentir que suas ações conosco podem gerar abundância para você, para a sua comunidade e para o planeta.

Há mais de duas décadas me tornei educadora porque entendi que a educação era a minha causa, a minha bandeira, a minha razão de viver. Tive professores que me cuidaram tanto que me fizeram querer ser como eles. Lamento quando as pessoas primeiro pensam na profissão, como se ela se limitasse a um posto específico e a um salário e, depois, pensam sobre o que lhes faz brilhar os olhos, sobre o que lhes pode trazer sustento com propósito, sobre onde realmente vale a pena colocar nosso maior bem, aquele que não é renovável: o tempo.

Precisamos educar para a condição humana de sonhadores, de desbravadores curiosos de nosso mundo interno. Precisamos aprender a lidar com as nossas emoções, construir nossos valores, antes de aprender conteúdos úteis para a vida profissional.

É com o saber vindo das artes, da natureza, que antes de encher a cabeça de informação, alimentamos o espírito, que, alimentado, alimenta a cabeça e todo o resto!

Referências e sugestões para avançar na temática:

MORIN, Edgar. Ensinar a viver: um manifesto para mudar a educação. Tradução de Edgard de Assis de Carvalho e Mariza Perassi Bosco. Porto Alegre: Sulina, 2015.

Desenho de Projeto de Vida – aplicação prática do conceito Ikigai – formação facilitada por Gabriela Montenegro da CORE – Comunidade Reinventando a Educação – https://www.coreduc.org/gabriela/

MOGI, Ken. Os cinco os para encontrar seu propósito de vida e ser mais feliz. Tradução de Regiane Winarski. São Paulo: Ed. Astral Cultural, 2018.

Vídeos de Marcio Okabe sobre Ikigai

https://www.youtube.com/watch?time_continue=1&v=PDgijGgzZNo

Irene Reis dos Santos

É bacharel e licenciada em letras - Português e Espanhol pela FFLCH - USP, especialista em tradução, pesquisando, no mestrado em Ciências da Educação, sobre participação de estudantes na comunidade por meios de Grêmios. Atualmente, leciona espanhol no Instituto Cervantes, contribui com editoras e é diretora da CORE - Comunidade Reinventando a Educação (coreduc.org), entidade do terceiro setor que fomenta parcerias em prol da educação pública. Irene acredita que as vivências interculturais e a aprendizagem baseada em projetos de vida em comunidade são a chave para o complexo desenvolvimento da sociedade planetária.

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