Idosa faz engenharia após ser impedida de estudar por anos
Allice foi proibida pelo pai e pelo marido de estudar por acharem que “mulher não tem que estudar”. A futura engenheira aprendeu a ler e escrever sozinha

Por: Mariana Lima
Allice Serafim, 71 anos, está cursando o 3° semestre do curso de Engenharia de Produção. Ela vive em Catanduva, município do interior de São Paulo, e voltou a estudar para conseguir realizar o sonho de cursar uma faculdade.
A idosa foi proibida pelo pai de terminar os estudos aos 8 anos de idade. Quando se casou aos 18 anos, o marido também não permitiu que ela voltasse a estudar. Ambos concordavam que ‘mulher não deveriam estudar, e sim cuidar da casa e da família’.
Vivendo nesta realidade, Allice buscou aprender a ler e escrever em casa de forma autodidata. Ela pegava um caderno e uma Bíblia e ia copiando as palavras que via, até conseguir aprender.
Quando conseguiu vencer essa etapa, começou a nutrir o desejo de terminar os estudos e cursar uma faculdade. Seu 1° emprego foi em uma gráfica em São Paulo, onde servia café. Trabalhou durante 20 anos no local até o marido falecer.
Ao retornar para Catanduva, Allice ficou um tempo ajudando as filhas, mas ao perceber que elas podiam se cuidar sozinhas, resolveu tirar do baú o antigo sonho de voltar a estudar.
Ela fez o supletivo para terminar o ensino médio, se empenhando para não perder nenhuma aula. Após terminar o supletivo, Allice fez aulas para falar em público, de violão, informática básica e contabilidade.
A engenharia era uma área que chamava a atenção de Allice, que considera que a profissão é feita por pessoas inteligentes, e que é de extrema importância para a sociedade.
Quando viu na televisão uma propaganda de uma faculdade particular oferecendo bolsas para o curso, não perdeu a chance e resolveu prestar o vestibular.
Cercada por colegas na faixa dos 20 anos, Allice é querida por professores e demais alunos. A estudante costuma estender o tempo das aulas e ficar na faculdade para tirar dúvidas. Allice quer atuar na área, mesmo com as dificuldades do mercado.
Em entrevista para o G1, ela contou que “ainda tenho fé que vou trabalhar. Mas se não der certo, tudo bem. A minha vontade é de estudar, ajudar as pessoas e fazer o bem”.
Fonte: G1