Inteligência Artificial Generativa desemprega?

Cultura de Doação
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Créditos: AdobeStok

 

Por Paulo Sabbag

 

A maior rejeição ao uso de IAG – Inteligência Artificial Generativa tem por origem o desemprego potencial que esses instrumentos causam. Para mim, isso por si só é motivo para que todos aqueles que estão empregados em a usar freneticamente a IAG, como forma de sustentar e ampliar sua empregabilidade. Mas a questão do desemprego precisa ser enfrentada.

Indústria 4.0

Quem de fato gera desemprego é a indústria 4.0, que demora a se instalar no Brasil e no mundo. Isso porque a IAG não tem braços nem pernas, mas a indústria 4.0 os substitui por robôs colaborativos, sistemas ciberfísicos, vestíveis, veículos autônomos, realidade aumentada e criptografia avançada. As organizações que integram essas tecnologias am por enorme transformação: Fábricas sem operários funcionando 24 por 7; automatização nas compras e nas vendas, com sistemas logísticos autônomos (sem motoristas); escritórios com plataformas enxutas de TI operando criptomoedas e assim por diante.

IAG

A indústria 4.0 afeta muito dois setores da economia dependentes de mão de obra: a agricultura e a indústria (manufatura). A IAG afeta o outro setor da economia: o de serviços. O Brasil tem hoje 110 milhões de trabalhadores (PEA – População Economicamente Ativa), com população ocupada de quase 102 milhões. O setor de serviço é o maior empregador: 69,7% da PEA.

Consultei o ChaGPT e o Deepseek e obtive respostas com 85% de confiabilidade. Vamos aos percentuais das subcategorias do setor de serviços: comércio e reparação de veículos, 28,2% da PEA; serviços de interesse público, 24,5%; serviços profissionais, 17,3%, serviços domésticos, 10%; alimentação e alojamento, 6,9%; e armazenamento, transporte e correio (logística), 6,9%.

Questionei as IAG sobre qual seria o desemprego no curto e médio prazo causado pelas IAG, dado que o crescimento de sua utilização é veloz. Os segmentos menos afetados são os serviços de interesse público (educação, saúde e segurança pública) e os serviços que requerem alta personalização e contato humano: profissionais da saúde, de consultoria, de Direito etc. Note que isso inclui quase todos os profissionais de nível superior que atendem ao público ou comandam gente.

Para esses, a IAG projeta desemprego de 2 a 3%. Serviços domésticos, alojamentos e alimentação projetam 4%. Os demais mencionados acima projetam desemprego de 5%: comércio e logística. Usando a média simples desses percentuais sobre a PEA atual de 110 milhões de trabalhadores, essa projeção significaria a demissão nos próximos 5 anos de 3 milhões de trabalhadores. Não é muito.

Agora vamos analisar pelo lado positivo: as IAG criaram novas profissões (entre parêntesis o percentual de crescimento relativo da PEA): engenheiros de prompts (6%); criadores de conteúdo IA (5%); especialistas, consultores e desenvolvedores de IA (5% em média); designers de experiência em IA (5%); consultores de transformação digital (5%) e instrutores para educação e treinamento (6%). Podemos adotar a média de 5% de modo realista. Note que não são novos empregos, porque muitos dos empregados atuais serão qualificados nessas novas profissões.

Em resumo, o potencial de desemprego em cinco anos é de 3%, enquanto o de qualificados em novas funções não chega a 5%. Até onde consigo supor, ambos se equivalem. O que corrobora minha ideia de que as IAG não provocam desemprego relevante. O que provoca, sem dúvida, é a transformação das profissões e do mercado de trabalho. Você está preparado para isso?

 

*A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião do Observatório do Terceiro Setor

 

Sobre o autor: Depois de se graduar em engenharia civil, Paulo Sabbag dedicou-se 5 anos na construção civil em São Paulo, logo após, atuou pelo mesmo período na Logos Engenharia, onde aprendeu a gerenciar projetos, o que permitiu iniciar uma carreira paralela como professor de Educação Continuada na Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo – consequência do grau de Mestre e Doutor obtidos. Foi diretor da CMTC – Companhia Municipal de Transportes Coletivos em São Paulo, de 1990 a 1993. Depois ou a se dedicar à Sabbag Consultoria e à Fundação Getúlio Vargas (desde 1988), consolidando a ênfase na consultoria e educação. Em 2016 lançou a Plataforma de Educação DigitalZagaz Work. Publicou 7 livros técnicos, um deles finalista e outro agraciado com o Prêmio Jabuti.


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