Hospital de Curitiba usa realidade virtual para tratar idosos internados

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Idosos internados no Hospital do Idoso Zilda Arns, em Curitiba, fazem exercícios de fisioterapia ao “ar livre” graças a imagens reproduzidas por óculos de realidade virtual

realidade virtual
Foto: Adobe Stock | Licenciado

Por Juliana Lima

O Hospital do Idoso Zilda Arns, em Curitiba (PR), está usando uma técnica diferente para tratar idosos internados e que precisam de fisioterapia: a realidade virtual. Reinaldo Bajerski, de 56 anos, é um dos pacientes tratados dessa forma. Dentro de seu quarto no hospital, ele pedala na bicicleta ergométrica usando óculos de realidade virtual que permitem que, no lugar do cenário apático de um hospital, ele veja cenários maravilhosos de montanhas, praias e fazendas.

“Consigo me transportar para fora do hospital. Sinto uma sensação de liberdade, de ver a vida novamente”, diz o idoso, que atualmente se recupera de sequelas deixadas pela Covid.

Regiane Borsato, fisioterapeuta e coordenadora da Equipe Multiprofissional do Hospital do Idoso, explica que o cenário virtual serve de distração e, por isso, consegue atenuar as dores dos pacientes, além de prevenir quadros de delirium (confusão mental) nos idosos ao estimular a memória.

Antes de propor a técnica, os profissionais do Hospital analisam o perfil de cada paciente, criando um “prontuário afetivo” que reúne seus gostos e preferências, para definir que tipo de imagem é a mais adequada para aquela pessoa.

Segundo a fisioterapeuta, o tratamento com realidade virtual tem se tornado mais proveitoso justamente por tocar no emocional dos pacientes. “Eles relatam que esquecem que estão em um ambiente hospitalar. Quando eles se projetam para fora do hospital, ficam bem mais calmos”, diz.

Segundo os profissionais, a técnica pode ter vários outros benefícios que ainda devem ser estudados, como, por exemplo, a redução da ansiedade. Para aprimorar o atendimento, a equipe de terapia ocupacional do Hospital do Idoso pretende associar a realidade virtual com cheiros. O objetivo é aumentar ainda mais a sensação no paciente de estar fora do ambiente hospitalar.

Segundo a doutora em gerontotecnologia e pesquisadora do Sírio-Libanês Ensino e Pesquisa, Jéssica Bacha, a realidade virtual pode ter uma abrangência para diversas áreas na saúde do idoso. “Um indivíduo idoso, no próprio envelhecimento fisiológico, tem uma alteração de equilíbrio, postura e cognição. Então, há intervenções que podem ser feitas por meio de jogos de realidade virtual, que podem ser até os comerciais, desenvolvidos para entretenimento”, explica.

Para Alexandre Leopold Busse, geriatra do Núcleo Avançado de Geriatria do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, esse tipo de inovação ainda precisa ser mais explorada no Brasil. “Hoje, costuma-se escolher entre os jogos existentes aqueles que podem ser usados com o idoso. A programação de jogos desenvolvidos especificamente para esse fim ainda é algo caro. Mas acredito que esta é uma ferramenta do futuro, então, existe a oportunidade de surgirem desenvolvedores da área da saúde criando esses jogos”, explica.

Fonte: UOL


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