A história do herói brasileiro que arriscou a vida para salvar 128 marinheiros
O Caboclo Bernardo foi um pescador do Espírito Santo que ajudou a salvar 128 marinheiros da Marinha Imperial do Brasil, em 1887

Bernardo Brumatti José dos Santos, conhecido como Caboclo Bernardo, nasceu em Vila de Regência, Linhares, no Espírito Santo, em 1859. O pescador conseguiu salvar 128 marinheiros da Marinha Imperial do Brasil.
Na madrugada de 7 de setembro de 1887, uma noite de tempestade com mar revolto, o Cruzador Imperial Marinheiro, que se dirigia em comissão de sondagem a Abrolhos (BA), chocou-se contra o pontal sul da barra do rio Doce, a cerca de 120 metros da praia do povoado de Regência, distrito da cidade de Linhares (ES).
A população de Regência mobilizou-se para tentar auxiliar a tripulação do cruzador que naufragava, mas pouco se podia fazer por causa do mar violento.
Ao amanhecer, o Caboclo Bernardo se dispôs a nadar até o navio, sozinho, levando um cabo de espia, por onde os tripulantes poderiam vir um a um, pendurados, até a praia. Bernardo lançou-se quatro vezes ao mar, sendo arremessado de volta à terra pelas ondas, quase morreu, mas não desistiu. Na quinta tentativa, obteve sucesso e o cabo foi amarrado ao navio.
Bernardo, ao lado de três marinheiros do navio de guerra, participou de todo o processo do resgate, acompanhando os náufragos até a praia num pequeno bote amarrado ao cabo. Graças aos esforços de todos, após cinco horas de luta, dos 142 tripulantes do “Imperial Marinheiro”, salvaram-se 128.
No dia 20 de setembro de 1887, Bernardo recebeu uma homenagem pública em Vitória, capital da província. Em seguida, ele viajou para o Rio de Janeiro, onde em 29 de setembro foi recebido pela alta cúpula da Marinha de Guerra. Em 6 de outubro, numa audiência, a Princesa Isabel o condecorou com uma medalha de ouro.
O Caboclo Bernardo voltou então à Barra do Rio Doce e à sua vida rotineira de pescador. Participou ainda de outros resgates de navios, mas nenhum tão dramático quanto o do “Imperial Marinheiro”.
Com o ar do tempo, ele acabou caindo no esquecimento. A medalha da Regente, por muitos anos, esteve guardada na residência de um comerciante da região, Cléris Moreira. Seu paradeiro atual é ignorado e suspeita-se que tenha sido roubada por alguém que desconhecia seu valor histórico.
Em 3 de junho de 1914, ao voltar de uma pescaria, o Caboclo Bernardo sentou-se num banco no barraco onde vivia e aguardava a esposa preparar o almoço quando foi surpreendido pela entrada repentina de Lionel Fernandes de Almeida.
Lionel maltratava a própria a esposa e ficou revoltado quando o Caboclo Bernardo ofereceu abrigo para ela. Como forma de vingança, atirou em Bernardo.
Lionel Fernandes foi preso pouco depois e condenado a 17 anos de reclusão, tendo, por razões desconhecidas, recebido indulto em 20 de maio de 1920.
Embora tenha vivido seus últimos anos praticamente esquecido, a morte trágica de Bernardo resgatou-lhe a grandeza heróica. Foi sepultado em Regência com todas as honras que a comunidade pobre pôde lhe render, e nos anos a seguir, particularmente graças ao esforço do historiógrafo capixaba Norbertino Bahiense, o nome do herói ou a ser integrado à paisagem urbana de Vitória.
Na primeira semana de junho, todos os anos, acontece no distrito de Regência a “Festa de Caboclo Bernardo”. Em homenagem ao herói, deslocam-se bandas de Congo de todo o estado do Espírito Santo até a pousada de Dona Mariquinha, onde a capelinha de Caboclo Bernardo foi construída.
Fonte: Wikipédia