GRAD Brasil amplia atuação em comunidades indígenas e fortalece cuidado conjunto entre habitantes e seus animais
ONGs em Ação
Enquanto o Brasil celebrou, no dia 19 de abril, o Dia dos Povos Indígenas, cresce a urgência de proteger não apenas a herança cultural desses povos, mas também seus modos de vida, seus territórios e seus vínculos com os animais e a natureza. Em um cenário de sucessivos desastres ambientais, violação de direitos e crises humanitárias, o Grupo de Resposta a Animais em Desastres (GRAD Brasil) tem sido uma presença importante em diversas comunidades indígenas, promovendo saúde e bem-estar de forma integrada entre habitantes destes locais, natureza e animais domésticos.
Com uma abordagem que une atendimento veterinário, escuta ativa e respeito às tradições locais, o GRAD reforça, em sua atuação, o conceito de Saúde Única (One Health) — que reconhece a interdependência entre saúde humana, animal e ambiental. Em áreas onde o o a serviços básicos ainda é limitado, essa conexão se torna ainda mais evidente: proteger os animais é proteger também as pessoas e a terra a qual vivem.
Foi nesse contexto que o GRAD desempenhou um papel inédito: foi a única organização a levar médicos veterinários até a Terra Indígena Yanomami, nas aldeias de Auaris e Olomai, em Roraima. Mais de 130 animais foram atendidos, com vacinação, vermifugação e tratamentos clínicos. Os profissionais também levaram insumos e realizaram ações educativas com foco na saúde multiespécie, respeitando a cultura e os conhecimentos locais.
A atuação do GRAD com povos indígenas se estende por diferentes biomas e realidades. A organização já levou assistência técnica, alimentos e apoio logístico para animais afetados por emergências em comunidades Guató (MT), durante as queimadas no Pantanal; Pataxó Hã Hã Hãe, após o desastre de Brumadinho (MG); Apiaká, Kaiabi e Munduruku (MT); Guarani Mbya em aldeias no RS, SP e RJ; além dos Parakanã no território Apyterewa (PA).
A operação em Apyterewa (PA), iniciada há mais de um ano e seis meses, é um dos exemplos mais complexos de atuação do GRAD. Após a desintrusão do território, com a retirada dos invasores, centenas de animais foram deixados para trás — cães, gatos, bois, porcos, galinhas, búfalos, cabras e ovelhas. Em resposta, o GRAD foi acionado pelo IBAMA para realizar o resgate, tratamento sanitário e destinação responsável desses animais. Até o momento, mais de 300 já foram adotados.
Mais do que uma resposta técnica, o trabalho do GRAD representa um posicionamento político e ético: o de que nenhuma vida deve ser ignorada, e que a saúde coletiva a pela proteção dos povos originários e da natureza que os cerca. Em tempos de emergência climática e retrocessos em políticas públicas, reforçar esse compromisso é essencial. O exemplo do GRAD Brasil mostra que é possível agir com ciência, sensibilidade e respeito, cuidando da vida em todas as suas formas. Porque proteger os povos indígenas é também proteger os animais, os territórios e o futuro do planeta.