Funcionários e voluntários de ONGs arriscam suas vidas para ajudar em Gaza
VoluntariadoCom o trabalho das ONGs, o Terceiro Setor é na maioria das vezes o único e de comida e saúde para as pessoas em Gaza; mas, infelizmente, os voluntários e trabalhadores das organizações também são vítimas dos bombardeios. Mais de 196 trabalhadores humanitários foram mortos em Gaza desde outubro, de acordo com a Aid Worker Security Database, entidade financiada pelos EUA que registra incidentes de violência contra agentes humanitários.

Segundo a ONU, 85% da população no setor sitiado na faixa de Gaza, onde vivem mais de 2,3 milhões de pessoas, foi forçada a evacuar as suas casas devido à atual situação de guerra que inclui a destruição de infraestrutura e a falta de alimentos, água, combustível e eletricidade.
Mais de 30.000 pessoas foram mortas na Faixa de Gaza desde que a guerra de Israel com o Hamas começou em outubro de 2023, segundo últimos dados.
O Terceiro Setor, com o trabalho das ONGs, está na maioria das vezes sendo o único e de comida e saúde para as pessoas em Gaza. Mas infelizmente, os voluntários e trabalhadores das ONGs também estão sendo vítimas dos bombardeios e perdendo suas vidas.
Mais de 196 trabalhadores humanitários foram mortos em Gaza desde outubro, de acordo com a Aid Worker Security Database, entidade financiada pelos EUA que registra incidentes de violência contra agentes humanitários.
A maioria dos mortos desde que a guerra eclodiu há seis meses trabalhava para a UNRWA, que coordena a maior operação de ajuda em Gaza.
No dia 01/04, um ataque aéreo de Israel na Faixa de Gaza matou sete funcionários da ONG World Central Kitchen (WCK). A organização, criada nos Estados Unidos pelo chef espanhol José Andrés, havia levado uma carga de alimentos por navio ao território palestino horas antes do bombardeio.
Funcionários da World Central Kitchen, que desde o início da guerra leva comida à Gaza e também atua na Ucrânia, haviam acabado de entregar ajuda humanitária no norte da Faixa de Gaza, onde a população está à beira de uma crise de fome.
Os funcionários do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), também arriscam suas vidas todos os dias. Durante a breve trégua entre Israel e o Hamas no início deste mês, foram essas pessoas com coletes brancos dirigindo carros off-road que escoltaram os reféns libertados para um local seguro.
Uma mãe israelense, cujo filho se acredita estar mantido como refém em Gaza, disse que a Cruz Vermelha fez “um trabalho maravilhoso ao fornecer o serviço Uber aos reféns que são libertados”, mas não fez nada pelos que ainda estão detidos.
A ONG também está ajudando no resgate de pessoas feridas e e em suprimentos.
Outra ONG que atua ativamente no e às vítimas da guerra é os Médicos Sem Fronteiras. Em entrevista ao Observatório do Terceiro Setor, os Médicos Sem Fronteiras relatam dificuldades e desafios na ajuda médica e humanitária na Faixa de Gaza.
A equipe de redação do Observatório do Terceiro Setor conversou com Renata Santos, presidente do Conselho do Médicos Sem Fronteiras (MSF) Brasil para entender como está a linha de frente e a atuação da organização na corrente de ajuda humanitária na Faixa de Gaza. Os Médicos Sem Fronteiras possuem uma equipe de aproximadamente 300 profissionais no território, porém, pela escassez de recursos médicos, o trabalho é extremamente desafiador.
“Estamos habituados a lidar com contextos difíceis, mas a situação em Gaza tem impedido que consigamos fazer chegar a ajuda a quem mais necessita. Isso porque não temos garantias básicas que permitam que ofereçamos serviços médicos e humanitários.”, aponta Renata Santos.
Segundo a presidente do Conselho do MSF Brasil, mais de 40 profissionais da saúde já foram mortos pelos bombardeios na região, entretanto, nenhum profissional da organização foi atingido. A equipe presente na linha de combate segue na tentativa de auxiliar no atendimento dos doentes e feridos, todavia, com a superlotação das unidades de saúde e a falta de recursos, os profissionais se encontram frustrados pela falta de condições para ajudar os pacientes.
Os Médicos Sem Fronteiras (MSF) é uma organização internacional criada em 1971 por médicos e jornalistas. A ONG leva assistência e atendimento médico para aqueles que necessitam, tendo uma atuação em nível mundial. O MSF também trabalha com o fornecimento de água, alimentos, abrigo e saneamento em caso de extrema urgência. Atuam em mais de 70 países e 465 projetos, com uma equipe que a dos 63 mil profissionais. A organização está atuando na linha de frente do conflito na Faixa de Gaza ao lado da ActionAid, Cruz Vermelha e demais equipes que estão atuando na corrente de ajuda humanitária da região.
A atuação das organizações em apoio às vítimas está alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), principalmente com o ODS 16, referente à paz, justiça e instituições eficazes. A corrente de ajuda humanitária também está de acordo com todas as demais ODSs, como erradicação da pobreza, fome zero e agricultura sustentável, saúde e bem estar, igualdade de gênero, água potável e saneamento e as demais, tendo em vista que o conflito impacta todas as esferas da vida da população de Gaza.
Fonte: BBC Brasil