Festival Abong discute meio ambiente, sociedade e democracia em SP

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“A ideia do festival parte muito do desejo de olharmos para os principais temas que têm interferido no campo de atuação das organizações” diz Franklin Félix, secretário executivo da Associação Brasileira de ONGs (Abong)

Imagem: @maicondouglasfotografia

Por Lucas Neves

Esta quarta-feira (14) marca o segundo e último dia do Festival Abong, promovido pela Associação Brasileira de ONGs (Abong). O encontro acontece no Espaço MST, em São Paulo, reunindo representantes de organizações da sociedade civil (OSCs) de todo país. Ao longo dos dois dias de evento, os participantes acompanham uma programação com mesas de debate, feirinha de produtos, bate-papos e sarau.

Com a proposta de gerar impacto e repercussão no campo das OSCs, esta edição do festival tem o tema “Participação Social para Transformar: meio ambiente, sociedade e democracia.” Em entrevista ao Observatório do Terceiro Setor, Franklin Félix, secretário executivo da Abong, comenta sobre o surgimento e objetivo do evento.

“A ideia do festival parte muito do desejo de olharmos para os principais temas que têm interferido no campo de atuação das organizações, tanto as OSCs associadas à Abong quanto as que não são”, diz Félix. Ele também destaca a necessidade de uma participação inclusiva e popular capaz de ouvir todas as vozes e entender as diferentes particularidades.

Foco nas questões climáticas e ambientais

Ao ser questionado sobre a escolha do tema deste ano, o secretário executivo da Abong afirma que o evento traz pautas capazes de unir o terceiro setor. Nesse aspecto, ele comenta ser impossível desconsiderar as dimensões climáticas, as quais impactam a vida de todos. “A gente tem muita organização associada que atua com a dimensão climática, mas essas questões envolvem todos os seres humanos”.

Ainda no escopo climático, Félix levanta uma preocupação relacionada à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que acontece em Belém–PA, a partir do dia 10 de novembro. De acordo com ele, acontecimentos como a COP 30, “evidenciam uma dimensão problemática” sobre o modo em que as OSCs, sobretudo locais, são tratadas em grandes eventos.

“As organizações, na maioria das vezes, não são chamadas para os debates e os encaminhamentos não costumam considerar as realidades locais. Isso é muito ruim do ponto de vista estratégico, de quem está no território e sofre com as mudanças climáticas” alerta.

Pensando nisso, a Abong está montando a Casa das ONGs, na COP 30. Ao criar um espaço físico em Belém, focado no fomento de pautas e debates, Félix acredita ser possível dar voz para aqueles que, na maioria das vezes, não chegam em espaços governamentais e internacionais. 

Relação entre as OSCs e o Governo Federal

Um dos focos da atuação da Abong diz respeito ao trabalho de diálogo com os governos. Além de secretário executivo da Associação, Félix é conselheiro da Presidência da República, no conselho de participação social. 

Ao avaliar a relação atual entre a sociedade civil e o Governo Federal, Félix destaca a importância de um governo do campo progressista e democrático. “É um governo que criamos e fizemos todo um debate para que fosse uma coalizão. A gente entende também que é uma coalizão importante que venceu o horror, venceu o fascismo, venceu o extrema-direita”, diz.

Apesar disso, Félix pontua a existência de problemas no governo de coalizão, citando a participação social como um deles. “Ela está muito aquém do que a gente esperava. Tem deixado muito a desejar”.

Nesse sentido, o secretário executivo salienta o papel da sociedade civil organizada em manter a vigilância e “certa criticidade” em relação ao governo. Para finalizar sua fala, Félix diz esperar que o governo “possa entender o papel da sociedade civil e também nos chamar para sentar na mesa das grandes decisões, dos grandes debates, das questões climáticas, das questões do financiamento do nosso campo, tudo isso é de interesse da ABONG”, conclui. 

Terceiro Setor e a tecnologia

Outro tema recorrente nas mesas de debate foi a utilização estratégica da tecnologia. Nesse aspecto, o festival tratou de assuntos como a utilização de Inteligência Artificial (IA) e a relação entre tecnologias digitais e os direitos humanos. 

Para Félix, discutir tecnologia também é pensar uma forma de torná-la inclusiva para todas as pessoas. Além disso, o evento discutiu o papel das ferramentas tecnológicas como artifícios aliados aos processos e estratégias de comunicação das organizações. 

A Abong – Associação Brasileira de ONGs

A Abong – Associação Brasileira de ONGs é uma associação nacional criada em 1991 visando fortalecer as Organizações da Sociedade Civil (OSCs) brasileiras que trabalham na defesa e promoção dos direitos e bens comuns. Seu trabalho ocorre em parceria com movimentos sociais e por meio de diálogos com governos, buscando um mundo ambientalmente justo, com igualdade de direitos e livre de todas as formas de discriminação. 


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