Falta de água potável e poluição dos rios preocupa brasileiros

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A pesquisa da GlobeScan, em parceria com a Circle of Blue e o WWF, aponta um aumento na preocupação dos brasileiros com falta de água potável e poluição dos rios 

água potável
Foto: Adobe Stock

Por Ana Clara Godoi

81% dos brasileiros estão muito preocupados com a escassez de água potável – percentual bem acima da média mundial (58%) constatada na pesquisa GlobeScan Radar Survey, conduzida com 30 mil pessoas em 17 países pela GlobeScan, em parceria com a Circle of Blue e o WWF.  A preocupação tem motivo: apenas 15% dos entrevistados no Brasil declaram não serem afetados pela falta de água potável e 40% informaram já terem sido prejudicados por secas.

Quando se trata da poluição dos rios, 84% dos brasileiros estão muito preocupados, contra uma média global de 62%. Enquanto apenas 5% disseram não serem afetados pelas mudanças do clima, 68% dos entrevistados disseram ter sido afetados pela alta do preço dos alimentos causada pelo clima.

“A distribuição de água no Brasil é bastante desigual em termos geográficos e sociais, embora o país detenha 12% de toda a água doce do planeta”, explica Helga Correa, especialista em conservação do WWF-Brasil. “Na Amazônia está a maior parte da água doce do país e, ao mesmo tempo, os menores percentuais de o a serviços de água potável e esgoto. O crescente desmatamento coloca em risco o regime de chuvas que abastece lençóis freáticos no centro sul do país.  No Cerrado, onde nascem oito das doze principais bacias hidrográficas do país, metade das áreas naturais já foram convertidas em lavoura ou pasto. Em todo o Brasil, vemos a superfície de água dos rios diminuindo. Ou seja, já temos evidências suficientes de que o país está a caminho da insegurança hídrica”, afirma.

O WWF defende medidas urgentes de conservação ambiental para garantir a segurança hídrica necessária para o agronegócio, as indústrias, o abastecimento de residências e para a segurança energética do país.  “Precisamos acabar com o desmatamento em todos os biomas e restaurar áreas degradadas. No restante do país, salvaguardas previstas no Código Florestal, tais como a exigência da preservação de topos de rio e matas ciliares, precisam ser respeitadas. No caso específico do Cerrado e do Pantanal, que está secando a olhos vistos, é urgente que a ocupação do bioma respeite um ordenamento ambiental que preserve nascentes”, detalha.

O estudo foi lançado às vésperas do Dia Mundial da Água, comemorado em 22 de março, e da primeira Conferência da Água que a Organização das Nações Unidas realizará em 46 anos, entre os dias 22 e 24 de março. Ele mostra que a preocupação com a escassez de água potável aumentou nos últimos anos em todo o mundo, ando de 49% em 2014 para 61% em 2022 entre os 17 países rastreados de forma consistente.

Aumentou também a preocupação global com as mudanças climáticas, de 45% em 2014 para 65% em 2022. A mudança climática está fortemente ligada à escassez de água: no total da amostra, de cada dez pessoas que se declararam pessoalmente afetadas pelas mudanças climáticas, quase quatro disseram que experimentaram a seca.

O WWF é uma organização ambiental que atua em mais de 100 países incentivando a proteção da natureza e o combate às mudanças climáticas; as ações da entidade contribuem para o alcance dos ODS 13, 14 e 15, metas da Agenda 2030 da ONU que promovem, respectivamente, a ação contra a mudança global do clima, a vida na água e a vida terrestre.


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