‘Faça o que eu digo e o que eu faço’: boas práticas, mesmo para pequenas OSCs
ONGs em Ação
Por Luiza Serpa
No universo do terceiro setor, adotar boas práticas de governança, transparência e sustentabilidade não é apenas uma questão ética, mas uma forma de garantir a confiança e o resultado duradouro da organização. Muitas práticas são íveis e podem ser adotadas mesmo por OSCs pequenas, que buscam aprimorar sua gestão e atuar de forma responsável. A seguir, compartilho algumas dessas práticas que, no Instituto Phi, temos adotado com sucesso. Espero que seja uma boa forma de inspirar outras organizações a fazerem não só o que eu digo, mas também o que eu faço.
- Governança e Transparência: Uma boa governança começa com uma estrutura clara e eficaz. No Instituto Phi, sabemos que prestar contas de forma clara e ível é crucial para manter a confiança de doadores, beneficiários e da sociedade. Por isso, além de uma governança bem definida, contratamos uma auditoria externa para revisar nossas demonstrações contábeis. Disponibilizamos nossos relatórios anuais, balanços financeiros e auditorias de forma pública e ível em nossa página de Transparência, para garantir que qualquer pessoa possa acompanhar como gerenciamos os recursos recebidos. Se ainda não tem recursos para essa contratação, que tal tentar se candidatar em alguns programas pro bono de empresas de auditoria?
- Compliance, a integridade em ação: Para uma gestão responsável, é essencial ter mecanismos que garantam a integridade das operações e a identificação de riscos potenciais. No Instituto Phi, criamos uma área de compliance e política anticorrupção em nosso site com um Canal de denúncias, permitindo que funcionários, parceiros e até mesmo a comunidade possam reportar de forma anônima qualquer situação de fraude, corrupção, assédio ou discriminação. Contamos com um Comitê de Ética formado por membros internos e externos para garantir imparcialidade nas análises e ações relacionadas a essas denúncias.
- Integrar o Pacto Global: Em 2024, o Instituto Phi se uniu ao Pacto Global da ONU, um movimento que visa alinhar operações às melhores práticas globais em direitos humanos, trabalho, meio ambiente e anticorrupção. Ao ingressar no Pacto, o Instituto se compromete a reportar anualmente seus progressos em relação aos 10 Princípios Universais, incentivando a evolução constante e a adoção de práticas cada vez mais responsáveis e sustentáveis. As organizações que quiserem fazer parte do Pacto Global podem encontrar mais informações em pactoglobal.org.br.
- Reduzir o consumo e reciclar: Reduzir o desperdício e promover a reciclagem não é apenas uma tendência, mas uma necessidade para preservar os recursos naturais. No Instituto Phi, adotamos práticas simples, como a parceria com o Ciclo Orgânico, um negócio social que coleta resíduos orgânicos do nosso escritório e os transforma em adubo para o solo. A cada semana, recebemos um novo balde vazio, enquanto o balde cheio de resíduos orgânicos é levado para compostagem, contribuindo para a redução de lixo em aterros.
- Compensando o impacto ambiental: Reconhecemos que até mesmo as operações mais sustentáveis têm impacto no meio ambiente, especialmente quando se trata das emissões de carbono. No Instituto Phi, compensamos as nossas emissões adquirindo créditos de carbono por meio da plataforma Compensa, que calcula a pegada ecológica do nosso escritório. Escolhemos um projeto de reflorestamento na Amazônia para neutralizar nossas emissões, contribuindo ativamente para a preservação ambiental.
*A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião do Observatório do Terceiro Setor
Sobre a autora: Luiza Serpa é fundadora e diretora do Instituto Phi, faz parte do Conselho Estratégico da rede Latimpacto, Responsible Leader da BMW Foundation, fellow da Skoll Foundation, integrante do Conselho da rede NEXUS Global, membro da Entrepreneur’s Organization (EO). Faz parte do comitê da Plataforma Conjunta e foi reconhecida como Empreendedora Social do Ano pela Folha em 2020. Luiza contou sua história num capítulo do livro “Mulheres do Terceiro Setor”, da Editora Leader, que aborda as histórias, cases, aprendizados e vivências de 18 empreendedoras sociais ao longo de sua carreira.
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