Ex-jogador de futebol fundou uma organização para ajudar crianças na Bahia

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O ex-jogador da seleção brasileira de futebol Adaílton Filho criou a Associação Superação, organização que atende famílias carentes na comunidade quilombola de Olaria, na Bahia. O Observatório do Terceiro Setor conversou com ele sobre o projeto.

ex-jogador de futebol
Foto: Associação Superação | Divulgação

Por Redação

O ex-jogador de futebol Adaílton Filho ajudou a seleção brasileira em muitas conquistas e ganhou títulos pelos clubes nacionais e internacionais que ou. No entanto, uma das suas maiores realizações foi à criação da Associação Superação, que atende famílias na comunidade quilombola de Olaria, na cidade de Entre Rios, litoral norte da Bahia.

A organização tem o objetivo de proporcionar condições dignas para uma região deficitária da Bahia, levando infraestrutura aos moradores do quilombo e o à educação para crianças e jovens. Além do apoio escolar, a associação promove uma série de atividades, como agricultura, lazer cultural e esportes.

Adaílton também é sócio da DUE Incorporadora, que tem a obrigatoriedade de 50% da arrecadação ir para o social. Em entrevista exclusiva para o Observatório do Terceiro Setor, ele conversou sobre a Associação Superação, sua preocupação com o social, pobreza, o terceiro setor e o racismo, que infelizmente enfrentou desde sua infância até nos clubes internacionais em que jogou.

A Associação Superação comemorou 11 anos em abril deste ano, auxiliando famílias na comunidade quilombola Olaria, na Bahia. Como nasceu esse projeto?

A associação foi criada em 2011 por mim e pelo meu primo, Jadson Ribeiro, para atender famílias na comunidade quilombola de Olaria, na cidade de Entre Rios, no litoral norte da Bahia. Como sou nascido em uma área de vulnerabilidade social em Salvador, em São Tomé de Paripe, e pela ligação forte com o meu estado, quis focar em algum projeto na Bahia. O projeto nasce a partir de todas as dificuldades que enfrentei ao longo da minha vida com o desejo de transformá-las em algo positivo, potencializar as minorias e gerar oportunidades daqueles que são segregados. O projeto acabou se tornando um braço da DUE Incorporadora, uma empresa em que sou sócio. A gente tem um acordo sobre a obrigatoriedade de 50% da arrecadação ir para o social. Não me considero empresário, eu sou empreendedor social. Eu faço negócio imobiliário com a finalidade de gerar riqueza para ser investida integralmente no setor social.

Quais as principais ações da Associação Superação?

A associação tem o objetivo de proporcionar condições dignas para uma região deficitária da Bahia. Levamos infraestrutura aos moradores do quilombo e o à educação para crianças e jovens. Além do apoio escolar, a associação promove uma série de atividades, como agricultura, lazer cultural e esportes, inclusive o futebol, que não podia faltar [risos]. Hoje, a associação atende 60 crianças e 15 jovens, no total de 45 famílias.

Quais foram as principais dificuldades enfrentadas durante esses 11 anos da Associação Superação?

Ao longo desses anos, a gente enfrentou muitas barreiras para conseguir manter de pé a associação. Mas acredito que a maior dificuldade tenha sido encontrar pessoas que toem incentivar o projeto e nos vissem como uma ferramenta para educar as crianças e jovens do local. Acho que a noção de que pequenas ações têm a capacidade de gerar grandes resultados ainda precisa ser trabalhada nas pessoas.

 Quais as principais dificuldades enfrentadas pelas crianças que participam do projeto?

Antes da chegada da associação, as crianças e adolescentes aram por situações muito difíceis. Era um local que não tinha saneamento básico, sem luz elétrica. [Elas] não iam à escola e não tinham o aos direitos que toda criança tem. Não se alimentavam com todas as refeições ao dia e, por isso, tinham vários problemas de desenvolvimento e alfabetização.

Nesses 11 anos de projeto teve alguma situação que te emocionou?

Estar envolvido nas atividades do Superação me emociona de uma tal maneira. Mas foi quando vi pela primeira vez na associação as aulas de esporte e dança com crianças e adolescentes. Temos uma relação muito boa. Eles se veem em mim e eu me vejo muito neles. Eles me chamam de Dito, porque cultivamos uma relação de intimidade. Eu acho que sou um bom exemplo, sobretudo daquele que persistiu, não se entregou, e hoje consegue tirar da situação de esquecimento muitos deles. Por isso, quando vejo os adolescentes subindo degraus, como eu alcancei, eu sempre fico emocionado.

Mais de 40% das crianças do Brasil vivem na pobreza, e necessitam muito de projetos como o seu. Como sensibilizar mais pessoas a ajudar essas crianças?

Os números mostram um país cada vez mais necessitado de projetos como o nosso. Para que as pessoas sejam sensibilizadas a ajudar as crianças e adolescentes, elas precisam conhecer a realidade dos que vivem de forma precária no país. São muitas sem o aos direitos básicos, sem ter o que comer nas refeições do dia, em regiões sem saneamento básico. Após verem essa situação, as pessoas precisam estar dispostas a não ficarem paralisadas, mas arregaçar as mangas e se envolver em um trabalho voluntário.

Para você, qual é a importância do Terceiro Setor no Brasil?

É um setor extremamente importante para diminuir a desigualdade social no Brasil. As organizações sem fins lucrativos fazem um trabalho de captação de oportunidades e de promoção de ações que causam um impacto positivo na vida de milhares de pessoas. No entanto, elas não podem ser a única forma de geração de desenvolvimento social para as regiões mais necessitadas do país. Os governos locais precisam estar alinhados e possibilitar que o avanço parta deles, mas que as organizações sem fins lucrativos possam ser um braço nas cidades por todo o país.

Seu trabalho é realizado em uma comunidade quilombola. O Brasil tem assistido muitos casos de racismo nos últimos anos. Qual é sua opinião sobre o racismo no Brasil?

Sou preto, nascido na periferia, vi e vivi todos os tipos de preconceitos que você pode imaginar, desde a escola que estudava até clubes que eu joguei fora do Brasil. ava por situações que as pessoas gritavam “macaco” quando pegava a bola no campo. O racismo está entranhado na sociedade, não só aqui no Brasil, mas também lá fora, visto os casos que temos visto em partidas de futebol ao redor do mundo. Ao longo de todos esses anos, o racismo persiste porque não se discute sobre como a população negra é segregada, mesmo representando mais da metade dos habitantes no Brasil, e pela falta de oportunidades. Quando não discutimos o racismo, as pessoas não criam embasamento para questionar o preconceito racial existente no país, que existe em todos os segmentos da sociedade.

Qual é seu principal objetivo ou sonho em relação à Associação Superação?

O nosso intuito desde a criação do Superação é que as crianças e adolescentes que arem por aqui tenham oportunidades para serem o que quiserem, que possamos ser um agente transformador para promover ações efetivas no desenvolvimento e na formação de cidadãos. Sempre quis estar envolvido em projetos que consigam trazer um retorno para a sociedade, por isso me identifico com o empreendedorismo social. Esse propósito me move e faz com que eu busque boa parte do meu trabalho em oportunidades para outras pessoas, principalmente os jovens.

Como as pessoas podem ajudar a Associação Superação?

Nós temos o Faça Florescer, um apadrinhamento para fornecer alimentação, educação, contraturno escolar e assistência familiar do bolsista de até 18 anos. O “padrinho” faz um financiamento através de uma cota mensal de R$ 250, com prazo mínimo de doação de 12 meses. É necessário falar com a gente pelo número (71) 98338-4260, entrando em contato pelo WhatsApp. Mas as pessoas também podem ajudar fazendo doações no seguinte endereço: Avenida Le Parc, torre 13, apartamento 1.601, condomínio residencial Le Parc, em Salvador (BA). Além disso, as doações também podem ser feitas via pagamento em dinheiro pela conta no Banco Bradesco, no CNPJ 14.555.472.0001-15. A agência é 35572 e conta corrente 358274. Contamos também com pessoas dispostas a serem voluntárias na associação. Para isso, é necessário também entrar em contato pelo WhatsApp.

As atividades da Associação Superação estão conectadas a diversos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU, como o ODS 2 – Fome zero e agricultura sustentável, o ODS 4 – Educação de qualidade e o ODS 10 – Redução das desigualdades.


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