Ex-capitão da seleção russa se arrisca para pedir o fim da guerra
O ex-capitão da seleção russa de futebol, o meio campista Igor Denisov, enviou um vídeo ao presidente Vladimir Putin pedindo o fim da guerra

O ex-capitão da seleção russa de futebol, o meio campista Igor Denisov, contou ter enviado um vídeo ao presidente Vladimir Putin poucos dias após o início da ofensiva do país contra a Ucrânia. Ele contou que, na oportunidade, teria implorado para que o mandatário não desse prosseguimento ao conflito, que já está perto de completar quatro meses.
“Não sei. Pode ser que me prendam ou me matem por essas palavras, mas digo as coisas como são. Até disse a ele: ‘estou disposto a me ajoelhar diante de você’. Sou um cara orgulhoso. Estava disposto a me ajoelhar para parar tudo. O que importa a vida de uma pessoa? Quem é Denisov?”, contou o jogador em entrevista ao jornalista russo Nobel Arustamián, reproduzida pela imprensa esportiva local.
Campeão da Liga Europa com o Zenit em 2008, Denisov disse que enviou um vídeo a Putin poucos dias após o início da guerra, em 24 de fevereiro. O jogador contou que, desde então, não conseguia dormir nem comer mais normalmente.
Crítico da ofensiva realizada pelo seu país, ele considerou correta a exclusão da seleção da Rússia dos playoffs para a Copa do Mundo do Catar, bem como dos clubes russos das competições europeias, dizendo que “todos” os russos são responsáveis pelo que acontece no país vizinho. Segundo Denisov, a única maneira de parar a guerra é a adoção de sanções contra a Rússia.
“Se nosso país entrou lá, considero que é nossa culpa comum. Se eu disser que isso está errado, nada vai mudar. Mil pessoas dizem isso, nada vai mudar. Um milhão, nada vai mudar. Só quando todos, os 140-150 milhões, entenderem que isso está errado, com certeza alguma coisa vai mudar”, disse.
O jogador também criticou o fato de as autoridades russas adotarem uma lei que pune com até 15 anos de prisão a divulgação de informações que critiquem o Exército russo pelo combate na Ucrânia.
“Mesmo agora estou com medo. Mas não posso não dizer. Não vou me esconder ou fugir para algum lugar. Eu não preciso disso. Mas como posso calar a boca se é isso que sinto?”, disse.
Em quase quatro meses, a guerra já fez milhares de vítimas. Recentemente, a Procuradoria-Geral da Ucrânia informou que ao longo da invasão do país pela Rússia, pelo menos 313 crianças morreram e outras 579 ficaram feridas.
Fonte: O Globo