Evento debate erradicação da LGBTI+ fobia no ambiente empresarial

Direitos Humanos
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O evento “Juntos Pela Erradicação da LGBTI+ fobia” foi realizado pela Accor e o Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+, na última sexta-feira (16). “Além de influenciar os ambientes de negócio no país, o evento quer dar a mensagem de que não pode haver retrocessos”, disse Reinaldo Bulgarelli, secretário-executivo do Fórum

Imagem: Freepik

Por Lucas Neves

Na última sexta-feira (16), às vésperas do Dia Internacional de Combate à LGBTfobia, aconteceu o evento “Juntos Pela Erradicação da LGBTI+ fobia”, em São Paulo. Promovido pela empresa multinacional do ramo hoteleiro, Accor, e pelo Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+, o encontro reuniu especialistas, autoridades, organizações e representantes de empresas para debater o fim da LGBTI+ fobia.

Durante o evento, conduzido pela TchaKa Drag Queen, ocorreram 3 painéis. Eles abordaram temas como os desafios enfrentados por pessoas LGBTI+ no mercado de trabalho e a hospitalidade como ferramenta de inclusão.

Em entrevista ao Observatório do Terceiro Setor (OTS), Reinaldo Bulgarelli, secretário-executivo do Fórum LGBTI+, falou sobre o propósito do evento. Nesse sentido, Bulgarelli destacou os diversos encontros promovidos pelo Fórum e pontuou que o seu objetivo “é a afirmação das empresas contra a discriminação dos LGBTI+”. 

“Além de influenciar os ambientes de negócio no país, o evento quer dar a mensagem de que não pode haver retrocessos” — Reinaldo Bulgarelli

O Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+ é um movimento que reúne grandes empresas em torno de 10 Compromissos estabelecidos para a promoção dos direitos humanos LGBTI+. Ele surgiu em 2013 com o propósito de estimular empresas signatárias a fomentar o respeito e a inclusão, difundindo a diversidade sexual e de gênero no ambiente empresarial.

Apesar de não contar com processos de fiscalização específicos para avaliar se as empresas signatárias estão cumprindo os 10 Compromissos, Bulgarelli salientou que, recentemente, o Fórum LGBTI+ ou a utilizar indicadores que ajudam a entender a evolução do trabalho. Para ele, este é um grande “avanço nos 12 anos de atuação”.

Ainda sobre as conquistas atingidas, o secretário-executivo do Fórum LGBTI+ destacou que, durante os mais de 10 anos de atuação, o trabalho com as empresas signatárias conseguiu pautar e incluir o tema LBGTI+ no meio empresarial. “Mesmo na agenda de diversidade, a pauta sexual e de gênero ficava meio de lado”, disse.

Outro avanço significativo conquistado pelo Fórum, e exaltado por Bulgarelli, está relacionado às pessoas trans. “A gente conseguiu abrir as portas, pois não existiam pessoas trans contratadas nessas marcas”. Segundo ele, havia um paradigma em muitas empresas signatárias, o qual foi quebrado graças ao trabalho de conscientização do Fórum e de outros agentes.

Bulgarelli também mandou um recado para o terceiro setor, afirmando que a sociedade civil é parte da solução, ao mesmo tempo que também compõe o próprio problema. Segundo ele, o tema LBGTI+ não tem o mesmo amparo que outras pautas sociais, visto ainda até como um “tema esquisito”. Nesse sentido, Bulgarelli pede que o terceiro setor institucionalize a luta contra a LGBTI+ fobia. 

“As organizações podem fazer mais” –  Reinaldo Bulgarelli

Empresas signatárias do Fórum

O evento “Juntos Pela Erradicação da LGBTI+ fobia” teve a presença de representantes de diversas empresas signatárias do Fórum. Esses líderes puderam ouvir os debates e também participar deles.

Entre essas figuras estava Antonietta Varlese, Vice-Presidente Sênior de Sustentabilidade e Comunicação da Accor Américas. Representando a multinacional responsável pela organização do evento, Antonietta realizou discurso de abertura, reforçando o comprometimento da empresa com a causa LGBTI+.

Para o OTS, a Vice-Presidente de Sustentabilidade e Comunicação comentou que o acolhimento e o respeito sempre estiveram no radar da Accor. Sendo assim, a conexão com o Fórum LGBTI+ foi uma oportunidade de atuar na causa sem ter que “reinventar a roda”. 

“Nos associamos justamente para conseguir tomar as boas ideias e usá-las também de ‘benchmarking’, para aprendermos como trabalhar da melhor forma e, então, verificar se o que a gente já estava fazendo era suficiente ou se havia outras oportunidades. Foi aí que nasceu, em 2017, a nossa parceria com o Fórum e a dos 10 Compromissos”, afirmou Antonietta.

A Accenture foi outra multinacional que esteve presente no evento. Atuante em áreas como consultoria de gestão e tecnologia, a empresa é signatária do Fórum LGBTI+ e estava representada no encontro por seu Presidente na América Latina, Rodolfo Eschenbach.

“A diversidade está na nossa cultura, então quando começou o Fórum, nada mais normal do que a gente se tornar signatário. Acho que mais do que signatário, nós somos praticantes, vamos dizer assim, estamos sempre lá quando tem alguma iniciativa do Fórum”, destacou Eschenbach. Ele foi um dos participantes do primeiro debate no “ com CEOs — Vamos mudar o que não podemos mais tolerar”.

Outro signatário ativo do Fórum que presente no evento foi o Machado Meyer Advogados, escritório de advocacia que possui um instituto focado em ampliar a promoção e o desenvolvimento da educação em suas diferentes vertentes. Em anos anteriores, a empresa chegou a ser responsável por sediar e organizar eventos do Fórum LGBTI+.

A Gerente de Responsabilidade Social Corporativa do Machado Meyer, Helena Rabethge, comentou sobre a importância do Fórum na luta contra a LGBTI+ fobia. “Ele legitima o tema e dá oportunidade e espaço para as empresas conseguirem falar em voz alta. Acho que é muito importante as empresas se posicionarem no mercado em relação a essa temática, discutindo e estando abertas”.

Ao ser pergunta sobre os modos de mensurar o impacto gerado pelo cumprimento dos 10 Compromissos, no Machado Meyer, Rabethge disse que os resultados refletem no próprio ambiente de trabalho. 

“A gente consegue ver que as pessoas se sentem, de alguma maneira, muito mais confortáveis, podendo ser quem elas são dentro desse ambiente. Esse é um dos pontos fundamentais. Você conseguir ser na sua casa, quem você é no trabalho e vice-versa”. 


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