Eu acredito em você, e você?

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“a vida em sociedade é, de certo modo, uma verdadeira libertação do pavor que ele sente em viver consigo mesmo, em apoiar-se sobre si próprio em todas as circunstâncias da existência…”
Sérgio Buarque de Holanda em O Homem Cordial.

A introdução do conceito e prática da responsabilidade pessoal e social para o exercício de “valores humanos” são temas recorrentes na vida das organizações.

Visam de forma confiável e segura as aspirações de todos os sujeitos envolvidos no ciclo de vida da marca; envolvendo os serviços, ideias e produtos.

A comunicação humanizada é o elo entre os saberes para a produção do conhecimento necessário para a gestão do bem estar da sociedade moderna.

A arte de contar histórias, apesar de ter sido reconhecida pelos organizadores do Festival de Cannes e a maioria dos publicitários na contemporaneidade, faz parte de nossa vida desde a sua origem. Somos o que somos através de ótimas, boas, ruins e péssimas histórias. A humanidade vive diariamente esses dramas.

A realidade caótica dessa tal modernidade individualista e consumista demonstra a necessidade urgente do resgate da cordialidade: nas palavras, nas ações e na implantação da cultura do fazer parte. Se faço parte, sou o todo. Se sou o todo, posso, de especialista, acumular outros saberes para entender e amar o todo a que pertenço, algo como “Penso, Logo Existo”

Isto é o que podemos chamar de formação de consciência para o mundo solidário, voluntário. Aprendo ensinando e ensino aprendendo.

O planeta é um grande organismo a ser reinventado, ou seja, como se diariamente pudéssemos impactar seus residentes com uma campanha educacional constante para o equilíbrio social, ambiental e econômico.

A introdução de novas modalidades e a valorização de iniciativas individuais, faz lembrar que ideias inéditas, estímulo ao empreendedorismo, são sempre muito bem-vindas nos processos de trabalhos, e me faz refletir no conceito de integralidade ao vivenciar, a partir de 1997, quando de publicitário e professor, ei a viver também o exercício de voluntariar como “contador de histórias” em hospitais. Jamais imaginei o quanto meu conhecimento até então adquirido no mundo das comunicações, entre veículos, meios, agências e clientes, poderiam ajudar a colaborar na gestão de um hospital público.

Vejam bem, nos hospitais onde tratam o cliente que paga, a conta é bem diferente daquele em que o cidadão vai para a fila, e seja lá o Deus quiser. Em muitos hospitais da rede pública, o departamento de comunicação fica atrelado a uma secretaria, que, muitas vezes, não oferece uma comunicação que respeite a especialidade e a individualidade da cultura regional. Geralmente essas instituições não conseguem contar boas histórias para a sua comunidade e, principalmente, para a sua população interna.

Hoje tendo como parceiros diretos mais de 83 hospitais que se transformaram no âmbito ideal para a promoção da cultura da leitura e do brincar, educação e gestão da humanização para o bem-estar, o interesse se ampliou, pois, hospitais, centros de medicina diagnóstica e demais instituições de saúde são empresas e o marketing faz e deve fazer parte da sua estrutura organizacional, por isso, há lugar sim, de destaque para profissionais dessa área.

O conceito de integralidade tanto para a gestão istrativa de uma organização, como para o sujeito, ser humano, faz que havendo consciência sobre a saúde do mesmo torna o mundo mais sustentável.

Os veículos livro e contador de histórias despertam muitas reflexões além da promoção de rodas de conversa, entender as ciências da saúde e levar um momento onde o livro e seu narrador impactam na imaginação, criatividade, educação e na reabilitação de todos envolvidos.

As buscas pela qualidade do atendimento exigem do cuidador profissional uma maior atenção para com seus clientes; pacientes e suas famílias; seja público ou privado. Afinal somos todos humanos.

Mudanças nas formas de organização do trabalho são gradativamente introduzidas e os profissionais são necessariamente envolvidos nessas alterações onde as exigências cada vez mais produtivas, ou seja, o desempenho profissional começa a ser medido, checado, utilizando-se indicadores de qualidade e de produtividade.

De uns anos para cá, os grandes hospitais trouxeram importantes executivos de outros setores para sua istração e com eles veio a cultura do marketing hospitalar. Aos poucos os profissionais da saúde estão tomando consciência da grande importância do marketing e como ele pode se adaptar ao seu mercado. E as grandes organizações de saúde estão se destacando em termos de marketing, com certificações que atestam sua excelência e qualidade no atendimento como a Organização Nacional de Acreditação (ONA) e a t Commission International (JCI).

Um dos grandes especialistas em marketing de saúde do Brasil, o Dr. Edgar Luna o define como “o conjunto de estratégias que permite identificar as necessidades de saúde, conforto, bem-estar e qualidade de vida do cliente-paciente, satisfazendo-as através de um atendimento humanizado, com segurança e qualidade, criando dessa forma, valor para a organização e novas oportunidades” e podemos dizer firmemente que o marketing nessa área deve ser antes de tudo, ético, estratégico e humano.

Pensando nessa definição, o objetivo de um departamento de marketing em um hospital, por exemplo, é identificar as necessidades dos clientes da instituição, dando ênfase à excelência de seu corpo clínico e multiprofissional, sua aparelhagem, seu atendimento junto aos clientes-pacientes e a classe médica, buscar, sobretudo a humanização no cuidado, e a medicina preventiva, realizar também o endomarketing com seus clientes internos, executar as ações que permitam posicioná-lo no mercado como um grande centro de referência em uma ou mais especialidades, dependendo dos objetivos corporativos.

Mas muitos profissionais de saúde ainda pensam que marketing é ter um consultório bonito, um site ou um anúncio em alguma revista e isso basta. Ledo engano: na verdade trata-se de um conjunto de estratégias que permitirão que o profissional de saúde ofereça um melhor serviço, tendo como foco a satisfação dele, aumentando dessa maneira a credibilidade e fidelidade do paciente.

O futuro já chegou.

Vantagens em Acreditar

A primeira vez que ouvi algo sobre Sistema Brasileiro de Acreditação, foi em 2002 quando algumas instituições parceiras como AACD, Sírio Libanês e Samaritano, em 2002 nos solicitaram um recorte dos resultados produzidos pelos contadores de histórias em suas instituições, ou seja, o Diário do Contador de Histórias, instrumento de aferição sobre impactos, horas doadas, além de resultados qualitativos que ou a ser parte integrante do prontuário do paciente. Em 2003 a partir da implementação da política pública Humaniza SUS, tanto as instituições governamentais como as privadas ao se organizarem para produzir boas práticas e consequentemente boas noticias da saúde, também fortalecem a promoção e o desenvolvimento de um processo de acreditação, primeiro o para uma boa implantação do roda conversa, encontros organizados pela liderança, visando aprimorar a qualidade da assistência entre todos que produzem a saúde e educação em nosso país.

Consumidor consciente faz parte do processo de sustentabilidade. Se antes as organizações colocavam o produto na prateleira, o serviço ao dispor do cidadão, hoje o que vale é a boa ideia bem contada, não podemos parecer, temos que ser. Alias na era do ter podemos valorizar a equipe, que constantemente aprimora a gestão da qualidade da assistência a fim de maximizar a segurança para os pacientes/clientes e profissionais da saúde.

Referencias: “Operários de Tarsila do Amaral”

Valdir Cimino

É publicitário e trabalhou em agências de renome, como McCann Erickson e ALMAP.  Pós-graduado em Tecnologia de Ensino e Mestre em Ciências da Saúde, preside a Associação Viva e Deixe Viver. É sócio-diretor da Cimino Eventos e Treinamentos e professor da Faculdade de Comunicação e Marketing da Fundação Armando Álvares Penteado (SP). Produz e apresenta os programas Humanização em Saúde e Tekobé (medicina da adolescência), veiculados pela Conexão Médica Educação Social à Distância. Participou da equipe responsável pelo lançamento da primeira tv segmentada no Brasil, a MTV.

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