Estudo analisa mais de 1 milhão de organizações criadas no Brasil
A pesquisa inédita do Ipea aponta questões que marcaram a trajetória das organizações da sociedade civil entre 1901 e 2020

Por Ana Clara Godoi
Um levantamento inédito, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e publicado em 13 de fevereiro, analisa mais de 1 milhão de organizações da sociedade civil formalmente criadas em um período de 120 anos no Brasil. De acordo com o levantamento “Dinâmicas do Terceiro Setor no Brasil: Trajetórias de criação e fechamento de organizações da sociedade civil de 1901 a 2020”, 85% das organizações são associações privadas voltadas para as áreas de desenvolvimento e defesa de direitos e interesses (40%) e religião (24,6%).
A publicação mostra que o movimento de formalização das organizações da sociedade civil ganhou força a partir da década de 1960; estima-se que o fato seja resultado da legislação que regulamentou o Cadastro Geral de Contribuintes (CGC), instrumento anterior do Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ). A pesquisa ainda aponta que entre as mais de 1 milhão de entidades criadas em todo o período analisado, um terço teve suas atividades encerradas.
Entre as organizações ativas hoje, 40% estão localizadas na região Sudeste, sendo 38% voltadas a atividades de defesa de direitos humanos e 27% para atividades de natureza religiosa. O tempo médio de atividades delas é de 17,6 anos.
O estudo foi produzido pela pesquisadora do Ipea, Janine Mello, e pela consultora da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). O levantamento contribui para o ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) 16, meta da Agenda 2030 da ONU que promove instituições eficazes e transparentes, e está disponível neste link.