Esposa de embaixador do Brasil é acusada de racismo e de ofender funcionários

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O embaixador do Brasil na Guiné-Bissau, Fábio Franco, deixará o posto após uma investigação do Itamaraty mostrar que sua mulher interferia nas atividades da representação diplomática, mesmo sem ter vínculo formal com o Ministério das Relações Exteriores. Ela também é acusada por funcionários de racismo

O embaixador do Brasil na Guiné-Bissau, Fábio Franco, e sua mulher, Shirley Carvalhêdo Franco, em foto publicada por ela nas redes sociais – Shirley Franco no Facebook

O embaixador do Brasil na Guiné-Bissau, Fábio Franco, deixará o posto no país africano depois de uma investigação do Itamaraty mostrar que sua mulher interferia nas atividades da representação diplomática, mesmo sem ter vínculo formal com o Ministério das Relações Exteriores. A mulher também é acusada de ofender funcionários com palavras racistas.

De acordo com relatos colhidos pela Folha, Shirley Carvalhêdo Franco tinha ingerência na rotina da embaixada, chegando a ocupar uma sala no local. Os entrevistados afirmam ainda que ela praticava assédio moral e proferia ofensas racistas contra guineenses que trabalham para a missão diplomática.

Uma das pessoas que fizeram a denúncia ao ministério afirmou que, na residência oficial, trabalhadores tinham que levantar os braços ao chegar, para serem “desinfetados” com álcool, e que Shirley ameaçava jogar soda cáustica em todos “porque fediam”. Uma prestadora de serviços diz ter presenciado cenas do tipo, inclusive com a embaixatriz declarando que “usaria a chibata” contra os funcionários.

Um auxiliar da residência oficial conta que pensou em pedir demissão após ser chamado de “lixo”. Ele diz ter ouvido de Shirley que os olhos dos guineenses estavam sempre vermelhos porque eles estão “cheios de malária” e que “não servem para trabalhar, só para fazer sexo”.

Em eventos e na frente de pessoas com cargos importantes, porém, segundo esses relatos, Shirley afirmava adorar os guineenses. As ofensas ficaram sem retaliações porque, como explica um funcionário da embaixada, as vítimas temiam apresentar denúncias, com medo de perderem o emprego.

Segundo o servidor, o embaixador chegou a defendê-lo uma vez. A maioria dos entrevistados diz que Franco é cordial com os funcionários, mas aceita o comportamento da esposa.

Segundo os relatos, depois que o marido assinou o TAC e foi convocado de volta, a embaixatriz não apareceu mais na sede da representação diplomática. Funcionários afirmam que foram comunicados informalmente de que o casal voltará ao Brasil em dezembro. Eles dizem, ainda, que no último domingo (07/11) Shirley fez uma festa de aniversário e despedida, sem mencionar o motivo da volta.

Fonte: Folha de São Paulo