Especialistas discutem uso medicinal do canabidiol em programa Brasil ODS
Direitos HumanosPara a anestesiologista, Beatriz Jacob Milani, o preconceito com a cannabis e o canabidiol não foi motivado pelos possíveis malefícios da planta, mas sim por preconceitos raciais e questões de mercado

Por Lucas Neves
Na primeira quinta-feira de maio, o programa Brasil ODS falou sobre o uso terapêutico do canabidiol (CBD). Extraída da Cannabis Sativa, planta da maconha, essa substância pode ser usada para tratar diversas enfermidades. Atualmente, o Brasil permite a compra de produtos medicinais com CBD autorizados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e por meio de importação.
Apesar dos benefícios do canabidiol, o qual pode ajudar em casos de dores crônicas, ansiedade, epilepsia, esclerose múltipla, depressão, sequelas de AVC, entre outras condições, o preconceito com a substância ainda é evidente no país. Esse fator prejudica o o dos pacientes a tratamentos adequados.
Para a anestesiologista com especialização em dor crônica e estudiosa da cannabis para fins medicinais, Beatriz Jacob Milani, este preconceito existe não só na sociedade em geral, mas também nas classes médicas e na área da saúde. De acordo com a convidada, esse estigma com a maconha nunca foi motivado pelos malefícios que a planta traz, sendo consequências de questões raciais e econômicas ocorridas no final do século XIX e início do século XX.
Entre os diversos assuntos abordados, Beatriz também ressaltou a importância da realização de pesquisas sobre a cannabis e exaltou os pesquisadores. “São eles que vão fazer a diferença e trazer a robustez de estudos que a gente tanto precisa”, disse.
Para aprofundar nas questões de pesquisa, o Brasil ODS também recebeu Francisco Wanderley Garcia De Paula-Silva, professor associado da disciplina de Odontopediatria da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (Forp-USP).
Ele foi responsável por coordenar estudo que, a partir de testes com camundongos, sugeriu que canabidiol pode estimular a biomineralização dos dentes, auxiliando na reparação dos tecidos mesmo em condições inflamatórias. A pesquisa foi conduzida com apoio da FAPESP na Forp-USP e os resultados estão publicados no Journal of Dentistry.
Além de contar mais sobre o estudo, o pesquisador falou sobre outros assuntos importantes no debate sobre o uso medicinal da substância. Para Francisco Wanderley, é fundamental alfabetizar as pessoas em saúde, ajudando-as a tomarem boas decisões para manter sua qualidade de vida, sendo este também um fator que pode diminuir o estigma do uso terapêutico do CBD.
“Quando a gente pensa em aspectos relacionados ao canabidiol, se o paciente vai aceitar ou não o uso, podemos usar exemplos para conversar com esses indivíduos. Dizendo para eles assim: ‘olha, o medicamento mais utilizado para tratar a hipertensão foi isolado do veneno da cobra jararaca’, por exemplo”. Segundo o pesquisador, é possível divulgar esses conhecimentos para vencer barreiras do preconceito.
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Além dos convidados, o Brasil ODS recebeu os colunistas Paulo Almeida e Nina Orlow, ambos especialistas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Este programa colabora com o ODS 3 (Saúde e bem-estar), cujo foco é garantir o o à saúde de qualidade e promover o bem-estar para todos, em todas as idades.
O Brasil ODS é uma produção do Observatório do Terceiro Setor (OTS) que conta com o apoio da Fapesp — Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Ele vai ao ar às quintas-feiras no portal do OTS.