Empresa de tecnologia lança plataforma global de voluntariado

Ideia é incentivar funcionários da IBM a fazerem trabalho voluntário em áreas como educação e saúde 

Por: Mariana Lima

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 7,2 milhões de brasileiros praticam algum tipo de trabalho voluntário, o equivalente a 4,3% da população acima de 14 anos no país. O número mostra o quanto o voluntariado ainda pode crescer no país.

O Índice Global de Solidariedade 2018 aponta que, entre os 146 países que estão no índice, o Brasil ocupa a 122ª posição quando se trata de voluntariado e solidariedade.

Neste cenário, a IBM, uma empresa de inovação e tecnologia da informação, criou uma plataforma de voluntariado que visa incentivar o trabalho voluntário entre seus funcionários.

A ideia é, principalmente, aumentar o número de voluntários ligados às causas da educação, saúde e repostas a desastres naturais.

Em 2018, a IBM alcançou a marca de 1,3 milhão de horas de voluntariado e mais de US$ 24 milhões em doações, no mundo.

“A IBM quer unir a tecnologia e seus funcionários para aproveitar todo esse talento em prol da mudança social. Com a plataforma, pretendemos potencializar essa ação, e manter o engajamento de todos os IBMistas nesta causa”, comenta Juliana Nobre, gerente de Cidadania Corporativa da IBM Brasil.

A plataforma IBM.org visa promover uma maior integração entre os voluntários da empresa pelo mundo, permitindo a troca de experiências e o contato direto com organizações de qualquer parte do globo parceiras da IBM.

Lançada em julho nos Estados Unidos, a plataforma chegou no início de agosto para uso dos funcionários da IBM na América Latina. Além da interação entre os funcionários, a plataforma permite que o voluntário realize doações de forma direta para organizações aprovadas.

“Entendemos que o voluntário pode querer atuar através de diversas ferramentas, e a doação monetária é uma delas. Queremos que eles estejam engajados nessas causas, então a plataforma vai flexibilizar esse contato”, explica Juliana.

Os funcionários da IBM podem indicar organizações da sociedade civil (OSCs) para receberem doações ou se tornarem parceiras. A empresa também realiza doações próprias para as OSCs em nome de funcionários que participam de trabalhos voluntários, desde que as horas sejam comprovadas.

Se o voluntário utilizar algum material educacional disponibilizado pela empresa ou utilizar de seus conhecimentos profissionais, a IBM aumenta a contribuição para a OSC em que ele fez voluntariado. A doação pode variar de US$ 500 a US$ 2 mil.

As organizações podem se cadastrar pela plataforma para receberem os funcionários da IBM como voluntários e/ou suas doações, mas terão que ar por um processo de avaliação. Organizações ligadas a atividades políticas, religiosas ou com fins lucrativos não podem se cadastrar.

Pessoas que não trabalham na IBM podem se cadastrar na plataforma, mas sua interação será limitada. Em relação ao voluntariado, é possível continuar atuando por uma organização através da IBM mesmo após a aposentadoria.

“A plataforma quebra o formato padrão dos programas da IBM, sendo mais dinâmica. Nós temos o compromisso de mostrar e valorizar a diversidade das organizações, e muitas estão apenas esperando uma oportunidade para mostrar seus trabalhos”, comenta Carlos Rischioto, líder de Blockchain na IBM e voluntário.

No momento, as atuações dos trabalhos voluntários estão concentradas nas regiões em que a IBM tem base fixa, como São Paulo e Rio de Janeiro. Os planos para o futuro incluem uma expansão para atividades nas regiões Norte e Nordeste, que no momento ocorrem quando há o intercâmbio de voluntários.

O Instituto SER+ é uma das organizações sem fins lucrativos que recebem o apoio da IBM e voluntários da empresa. O SER+ busca desenvolver o potencial de jovens em situação de vulnerabilidade social.

A diretora executiva da instituição, Wandreza Bayona, conta que os voluntários da IBM ajudaram para que os jovens da OSC perdessem o medo da tecnologia.

“Um dos jovens de um dos nossos programas não se enxergava nesse espaço. Mas, com o e dos voluntários e a convivência, ele se transformou. Lembro que ele falou para mim: “Agora posso começar a sonhar de novo”.

A gerente de Cidadania Corporativa da IBM Brasil, Juliana Nobre, sempre se envolveu na área do voluntariado, tendo atuado em duas organizações.

“Eu acho legal que dentro do trabalho voluntario você não precise trabalhar com aquilo com que você lida no dia a dia. Eu adoraria ter conhecido mais gente com uma agenda como a minha; que a gente pudesse se conectar e fazer algo junto. A plataforma vem para oferecer isso”.