Ele poderia ser salvo, mas preferiu ir com suas crianças para a morte

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Korczak dirigia um orfanato para crianças judias e, junto com elas, foi assassinado pelos nazistas, em 1942

Janusz Korczak, pseudônimo de Henryk Goldszmit, nasceu em Varsóvia, na Polônia, e foi um pedagogo inovador e autor de obras no campo da teoria e prática educacional. Foi precursor de iniciativas em prol dos direitos da criança e do reconhecimento da total igualdade das crianças. Mas Korczak foi assassinado no campo de extermínio de Treblinka pelos nazistas, junto com as crianças de seu orfanato em 5 de agosto de 1942.

Além de pedagogo, Korczak era médico, pediatra, escritor, autor infantil, publicista, ativista social, e foi oficial do Exército Polaco.

O famoso psicólogo suíço Jean Piaget, conhecido como um dos mais importantes pensadores do século XX, visitou o orfanato Dom Sierot (A Casa dos Órfãos), fundado e dirigido por Korczak, e falou: “Este homem maravilhoso teve a coragem de confiar nas crianças e nos jovens, com os quais trabalhava, ao ponto de transferir para as suas mãos as ocorrências disciplinares e de confiar a certos indivíduos as tarefas mais difíceis e de grande responsabilidade”.

Atualmente, Janusz Korczak é reconhecido como precursor de um conjunto de correntes pedagógicas, enquanto a sua ideia de respeitar os direitos da criança é um ponto de referência para muitos autores contemporâneos.

Juntamente com Stefania Wilczyska, fundou e dirigiu o Dom Sierot, um orfanato em Varsóvia, destinado a crianças judias, sendo financiado pela Sociedade judaica “Auxílio aos Órfãos”.

Monumento em homenagem a Korczak, em Jerusalém

O orfanato abriu no dia 7 de outubro de 1912, sendo Korczak o seu diretor. No final de outubro e princípio de novembro de 1940, o orfanato Dom Sierot foi transferido para o gueto e, pouco depois, Korczak foi detido, sendo liberado após algumas semanas e o pagamento de fiança.

Korczak ou os últimos anos de sua vida no gueto de Varsóvia. Newerly, o futuro biógrafo de Korczak, tentou arranjar-lhe documentos falsos na parte ariana da cidade, mas o médico recusou-se a sair do gueto. No gueto, retomou a escrita regular do seu diário iniciado em 1939. Anteriormente e durante dois anos, não escrevera nada, visto que canalizara toda a sua energia para a educação das crianças de Dom Sierot e para outras atividades relacionadas com a situação das crianças no gueto. O diário foi publicado pela primeira vez em Varsóvia, em 1958. A última anotação tem a data de 4 de agosto de 1942.

Na manhã de 5 ou 6 de agosto de 1942, o terreno do chamado Pequeno Gueto foi cercado pelas tropas da SS e por polícias das forças ucranianas e letãs. Durante a chamada Grande Ação, ou seja, a principal etapa de exterminação da população do gueto de Varsóvia por parte dos nazistas, Korczak recusou, pela segunda vez, a proposta para se salvar por não querer abandonar as crianças e os funcionários de Dom Sierot.

No dia da deportação do gueto, Korczak pediu para as crianças colocarem suas melhores roupas e pegarem o seu brinquedo favorito. Korczak acompanhou o cortejo das crianças rumo ao Umschlagplatz, de onde partiam os comboios para os campos de extermínio.

Na marcha, seguiam 192 crianças e algumas dezenas de educadores, entre eles Stefania Wilczy?ska. Quando estavam perto do seu destino final, um soldado nazista reconheceu Korczak e ofereceu mais uma vez a oportunidade de escapar da morte. Korczak negou deixar as crianças mais uma vez. A sua última marcha transformou-se numa lenda. Tornou-se um dos mitos da guerra e um dos temas mais recordados, ainda que nem sempre consistente e confiável nos pormenores.

Janusz Korczak morreu junto com as crianças no campo de extermínio nazista de Treblinka. No ano de 1948, foi postumamente agraciado com a Cruz de Cavaleiro da Ordem da Polônia Restituta.


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