Ele lutou contra o preconceito e pelos direitos dos negros até sua morte
Abdias do Nascimento foi um dos maiores defensores da cultura negra e da igualdade para populações afrodescendentes no Brasil
Abdias do Nascimento nasceu em Franca, no interior de São Paulo, no dia 14 de março de 1914, e foi um poeta, ator, escritor, dramaturgo, artista plástico, professor universitário, político e ativista dos direitos civis e humanos das populações negras.
Abdias nasceu em uma família pobre e sua avó materna, dona Ismênia, tinha sido escravizada. Nascido no contexto pós-abolição, ele não viveu o mesmo que a avó, mas em diversas ocasiões foi vítima de racismo.
Aos 9 anos, ele já trabalhava entregando leite e carne nas casas dos moradores mais ricos da cidade para ajudar a família financeiramente. Aos 11 anos, entrou para a Escola de Comércio do Ateneu Francano.
Como desejava trocar a cidade do interior pela capital, alistou-se ao Exército no início da década de 1930. Algum tempo depois, entrou na faculdade de economia da Escola de Comércio Alvares Penteado.
Não demorou muito também para que Abdias se integrasse ao movimento da Frente Negra Brasileira (FNB), que exigia a igualdade de direitos e participação dos negros na sociedade. A organização realizava protestos em locais como hotéis, restaurantes e bares que impediam a entrada de negros, e desenvolvia diversas atividades de caráter político, cultural e educacional para os seus associados.
Em 1936, Abdias desligou-se definitivamente do Serviço Militar, instituição com a qual estava em crise desde que começara a militar com o movimento negro.
Perseguido pela polícia de São Paulo pela sua atuação na FNB, decidiu se mudar para o Rio de Janeiro.
Com a instauração da ditadura do Estado Novo, as perseguições políticas se intensificaram e Abdias foi preso depois de um protesto panfletário contra a presença da marinha norte-americana na Baía de Guanabara. Após a liberdade, voltou a morar em São Paulo. Não demorou muito, no entanto, para ir de novo para o Rio e de lá seguir em uma viagem pela América Latina com amigos.
Foi durante esta viagem que viu uma peça de teatro apenas com atores brancos, alguns pintados para interpretar personagens negros. Isso chamou sua atenção para o fato de o teatro brasileiro também não ter atores negros.
Quando voltou ao Brasil, foi preso novamente, desta vez por uma briga na porta de um bar em São Paulo, e, na prisão, criou o Teatro do Sentenciado, um grupo em que os atores eram os próprios presos e ele o diretor dos espetáculos.
Depois de livro, voltou para o Rio de Janeiro, onde criou o Teatro Experimental do Negro, ao lado de diversos amigos (TEN). A primeira peça encenada pelo Teatro Experimental do Negro (TEN), formado exclusivamente por atores negros, foi O Imperador Jones, mesma peça que ele havia visto apenas com atores brancos algum tempo antes. A apresentação foi um sucesso e o TEN produziu diversas outras peças.
Além do Teatro Experimental do Negro, Abdias do Nascimento fundou outras entidades pioneiras, como o Museu da Arte Negra (MAN) e o Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (IPEAFRO).
Foi um dos idealizadores também do Memorial Zumbi e do Movimento Negro Unificado (MNU), e atuou em movimentos nacionais e internacionais, como a Ação Integralista Brasileira, a Frente Negra Brasileira, a Negritude e o Pan-Africanismo. Foi fundador do Partido Democrático Trabalhista em 1981.
Perseguido durante a ditadura militar no Brasil, exilou-se nos Estados Unidos, onde lecionou nas universidades de Yale, Wesleyan, New York e Temple. Além disso, atuou na Universidade de Ifé, na Nigéria. Durante o exílio, também participou de diversos eventos internacionais sobre a cultura negra realizados no Brasil e no Exterior.
Abdias do Nascimento foi um dos maiores defensores da cultura e igualdade para populações afrodescendentes no Brasil, nome de grande importância para a reflexão e atividade sobre a questão do negro na sociedade brasileira.
Após a volta do exílio (1968-1978), inseriu-se na vida política (foi deputado federal de 1983 a 1987, e senador da República de 1997 a 1999 pelo Partido Democrático Trabalhista assumindo a vaga após a morte de Darcy Ribeiro), além de colaborar fortemente para a criação do Movimento Negro Unificado (1978).
Abdias do Nascimento faleceu em 23 de maio de 2011, aos 97 anos, na cidade do Rio de Janeiro. Em 2012, foi homenageado pela escola de samba Acadêmicos de Vigário Geral, que apresentou o enredo ‘Abdias Nascimento: Uma vida de lutas’, no carnaval carioca.
Em 14 de setembro de 2017, teve seu nome dado a um navio da Transpetro – Petrobras Transporte.
Fontes: Museu Afro Brasil, Enciclopédia Itaú Cultural, Ipeafro, Literatura Afro-Brasileira UFMG
29/12/2019 @ 22:36
Fezparte do Partido Integralista ao lado de Plínio Salgado. Fato importante e que nao deve ser ocultado.
08/01/2020 @ 08:16
Herói da negritude.
13/02/2020 @ 15:19
[…] programa também teve o quadro ‘Você Conhece?’, que contou a história de Abdias do Nascimento, um dos maiores defensores da cultura negra e da igualdade para populações afrodescendentes no […]