Ele escapou da escravidão e ajudou a libertar 3 mil crianças, mas foi assassinado

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Vítima de trabalhos forçados e desnutrição dos 4 aos 10 anos, o paquistanês Iqbal Masih ajudou a libertar mais de 3 mil crianças que viviam o mesmo que ele. Mas sua luta gerou o ódio da máfia dos tapetes e lhe custou a vida, quando ele tinha apenas 12 anos

O jovem paquistanês Iqbal Masih – Wikimedia Commons

Iqbal Masih nasceu em 1983, na cidade de Muridke, em Punjab, no Paquistão. Aos quatro anos, ele foi colocado para trabalhar, para pagar uma dívida de 600 rúpias que seus pais tinham com o proprietário de uma fábrica de tapetes.

Todos os dias, o menino se levantava antes do amanhecer e percorria as estradas rurais escuras até a fábrica, onde ele e a maioria das outras crianças eram fortemente amarrados com correntes aos teares, para evitar a fuga.

Percebendo que a dívida da família não seria paga tão cedo, Masih escapou e se libertou, aos 10 anos, após saber que o trabalho forçado foi declarado ilegal pela Suprema Corte do Paquistão. Porém, Iqbal sabia que muitos de seus colegas não teriam a mesma chance.

Com isso, foi até as autoridades locais e expôs a máfia dos tapetes. Mesmo atrofiado e curvado devido aos 6 anos de desnutrição que ou trabalhando na fábrica, ajudou  a libertar mais de 3 mil crianças paquistanesas, que estavam em trabalho forçado, a escaparem para a liberdade.

Além disso, ou a visitar outros países, como a Suécia e os Estados Unidos, para compartilhar sua história, além de encorajar outras crianças a se unirem na luta contra a escravidão infantil. Em seus discursos, sempre deixava claro seu desejo de se tornar advogado. Ansiava por ajudar aqueles que sofrem o mesmo que ele sofreu.

Em 1994, Masih recebeu o Prêmio Reebok de Direitos Humanos, em Boston (EUA). Em seu discurso, ele declarou: “Eu sou um daqueles milhões de crianças que estão sofrendo no Paquistão devido ao trabalho forçado e infantil, mas tenho sorte devido aos esforços da Frente de Libertação do Trabalho Escravo (BLLF). Eu estou diante de vocês aqui hoje. Depois da minha liberdade, entrei para a Escola BLLF e estou estudando por lá agora. Para nós, crianças escravas, Ehsan Ullah Khan [fundador da BLLF] e a Frente de Libertação do Trabalho Escravo fizeram o mesmo trabalho que Abraham Lincoln fez pelos escravos da América. Hoje, vocês estão livres, e eu também”.

Enquanto visitava parentes em Muridke, no Paquistão, em 16 de abril de 1995, num domingo de Páscoa, Iqbal foi morto a tiros a mando da máfia dos tapetes. Ele tinha apenas 12 anos na época.

O jovem já havia recebido diversas ameaças por suas denúncias terem ajudado a fechar diversas fábricas que usavam trabalho infantil. Seu funeral foi assistido por, aproximadamente, 800 pessoas.

Após sua morte, as elites econômicas paquistanesas responderam ao declínio das vendas de tapetes negando o uso de trabalho infantil em suas fábricas. Além disso, o alto escalão de empresários contratou a Agência Federal de Investigação (FIA) para perseguir e prender brutalmente ativistas que trabalhavam para a Frente de Libertação do Trabalho Escravo.

Fonte: Aventuras na História


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