Doutores da Alegria retoma atividades e busca novos caminhos para manter atuação e ampliar impacto em 2025
ONGs em AçãoApós reestruturação e campanha nacional de doações, organização volta a atuar em hospitais e amplia ações de formação e produção artística em 2025

A Associação Doutores da Alegria retoma suas atividades após uma paralisação provocada pela queda nas doações. Em 2025, as ações de formação e apresentações voltam à agenda, tanto em 15 unidades de saúde pública de São Paulo (SP), Recife (PE), Rio de Janeiro e Niterói (RJ), quanto nas áreas de formação e produção artística.
A organização atua com recursos destinados por pessoas físicas e empresas, por meio de mecanismos de renúncia fiscal previstos em leis de incentivo à cultura, bem como por doações não incentivadas e incentivos à assistência social, como o Fumcad e o Condeca.
Nos últimos meses, Doutores da Alegria ou por uma ampla reestruturação — ainda em andamento — que tem revertido o cenário desfavorável, especialmente o enfrentado em 2024. A maior parte do orçamento provém de recursos incentivados e é aplicada conforme os projetos aprovados.
Diante da queda no volume de doações em 2024, a associação adotou diversas medidas. Entre elas, criou um comitê de risco, composto pela diretoria e por conselheiros fiscais; promoveu reuniões com especialistas como Marco Dal Pozzo (estratégias organizacionais), Rogério Silva (consultor em cultura, estratégia e impacto social), Raphael Mayer (empreendedorismo social) e Debora Liott (marketing); e renegociou contratos com fornecedores, prestadores de serviço e colaboradores, com respaldo sindical.
Além disso, mobilizou a sociedade por meio da campanha nacional “Doar Espalha Alegria”, em parceria voluntária com a agência FCB Health, e promoveu o Leilão Beneficente da Alegria, em colaboração com a Sodré Santoro.
“As doações obtidas na campanha e o apoio da sociedade civil, somados às diversas articulações e reestruturações internas que realizamos, permitiram esse recomeço em 2025 — ainda com um orçamento menor”, afirma o diretor-presidente da associação, Luis Vieira da Rocha.
Nova estrutura de atuação
No município de São Paulo, a organização reformulou a estrutura das intervenções artísticas para contemplar todos os profissionais contratados. Em vez das tradicionais duplas e trios, os artistas agora atuam em quintetos que se revezam para atender nove hospitais. Com esse novo formato, fortalecem os vínculos com pacientes, acompanhantes e profissionais de saúde.
Na capital paulista, os hospitais atendidos são: Instituto da Criança e do Adolescente, Hospital do Campo Limpo, Hospital do M’Boi Mirim, ITACI, Hospital do Mandaqui, Hospital Santa Marcelina, Hospital Geral do Grajaú, Hospital Universitário da USP e Hospital Regional de Ferraz de Vasconcelos.
No Recife (PE), a organização manteve as duplas de palhaços, que continuam visitando quatro unidades de saúde: Hospital da Restauração, IMIP, Hospital Barão de Lucena e Hospital Universitário Oswaldo Cruz e Procape.
No estado do Rio de Janeiro, um trio atende o Hospital Municipal Jesus, na capital, enquanto uma dupla atua no Hospital Municipal Getúlio Vargas Filho, em Niterói. A unidade fluminense também retomou, em formato reduzido, o projeto Plateias Hospitalares, por meio do qual grupos locais de diversas linguagens artísticas visitam os hospitais sob curadoria da organização.
Novos desafios
Com o novo orçamento definido para 2025, a organização garantiu a manutenção das intervenções artísticas duas vezes por semana nos hospitais parceiros de São Paulo, Rio de Janeiro e Recife. Também retomou o cortejo temático de Carnaval e confirmou a realização das edições de São João e Natal.
Em São Paulo, o Programa de Formação em Palhaçaria para Jovens (PFPJ) já abriu inscrições para sua 11ª turma, viabilizada pelo Promac (Programa Municipal de Apoio a Projetos Culturais).
A programação do ano inclui a realização de três fóruns voltados para a defesa dos direitos de crianças e adolescentes, alinhados às políticas públicas de cultura, saúde, educação e assistência social. Também estão previstas seis oficinas para profissionais de saúde, educadores e assistentes sociais — ambas as iniciativas contam com recursos do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (Condeca).
Em maio, os espetáculos “Aquele Momento Em Que…” e “Junta Besteirológica” terão sessões no Sesc Santo Amaro e no Mundo do Circo, ambos em São Paulo, marcando o retorno das apresentações artísticas do elenco fora dos hospitais.
Ainda no primeiro semestre, a organização lançará sua Escola Virtual, com cursos online voltados a diferentes públicos.
Novas ações poderão ser incluídas no plano de trabalho ao longo do ano, dependendo da captação de mais recursos.
Sobre Doutores da Alegria
Doutores da Alegria é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos que introduziu a arte do palhaço no universo da saúde, intervindo junto a crianças, adolescentes e outros públicos em situação de vulnerabilidade e risco social em hospitais públicos. Fundada em 1991 por Wellington Nogueira, transita pelos campos da saúde, da cultura e da assistência social e reforça a cultura como um direito de todos.
O trabalho da associação Doutores da Alegria, gratuito para os hospitais, é mantido por doações de empresas e de pessoas físicas, tanto por recursos próprios quanto por recursos advindos por meio das leis de incentivo fiscal. Os recursos das contribuições permitem a continuidade e a expansão das atividades e da estrutura do grupo, a realização de atividades de formação, oficinas e o aprimoramento técnico dos artistas.