Ditadura militar torturou criança indígena de 10 anos por falar seu idioma
Durante a ditadura militar no Brasil, o povo indígena Krenak sofreu uma série de violações de direitos humanos. Entre os exemplos está o episódio em que uma criança de 10 anos foi amarrada ao rabo de um cavalo e arrastada por vários metros porque insistia em falar o idioma krenak

Durante a ditadura militar no Brasil, uma criança indígena de 10 anos foi amarrada ao rabo de um cavalo e arrastada por vários metros porque insistia em falar o idioma krenak.
Waldemar costumava ser espancado com regularidade por não aceitar a “reeducação” proposta pelos “professores” da Fazenda Guarani, campo de concentração indígena, criado pelo regime militar em Carmésia, no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais.
A Fazenda Guarani foi criada em 1972 para confinar homens, mulheres e crianças que foram expulsos de suas terras em Resplendor, às margens do Rio Doce, considerado sagrado para o povo Krenak.
“Meu pai sofreu muito. Apanhava demais. O pai dele, meu avô Jacó, morreu lá. Foi tirado à força de nossa terra. Amarrado como um animal selvagem que deveria ser exterminado. Foi torturado porque não aceitou a prisão. Ele está enterrado lá. A gente não sabe bem onde. Tiraram até a chance de fazer uma cerimônia fúnebre”, contou Douglas Krenak, filho de Waldemar e líder indígena.
Depoimentos colhidos pela Comissão da Verdade confirmam o cotidiano de terror imposto aos indígenas. Espancamentos e estupros eram frequentes.
“O sofrimento entre os sobreviventes é latente. Muito difícil tocar nestes assuntos. A crueldade era sistemática”, disse o pesquisador Marco Túlio Antunes Gomes, que colheu parte destes depoimentos.
As atrocidades cometidas na fazenda motivaram um processo em 2009 impetrado por Waldemar e Douglas. Em 2015, o Ministério Público Federal entrou com uma ação de reparação.
ados seis anos, agora que a Justiça Federal condenou a União, a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o governo de Minas Gerais pelas violações dos direitos humanos e civis do povo indígena Krenak durante a ditadura militar.
Fonte: G1